Papa diz que o Arquivo Secreto do Vaticano não é assim tão secreto. E muda-lhe o nome

O vasto acervo de documentos, manuscritos e papiros do passado dos papas, vai ser oficialmente conhecido como “Arquivo Apostólico do Vaticano”. Papa Francisco diz que arquivo está há muito aberto a estudantes e que ele próprio decretou que os arquivos da Segunda Guerra Mundial abririam em 2020.

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Reuters/REMO CASILLI

O Papa Francisco declarou esta segunda-feira que o Arquivo Secreto do Vaticano afinal não é assim tão secreto e mudou o nome para “Arquivo Apostólico do Vaticano”. Francisco mudou oficialmente o nome do arquivo da Santa Sé para remover o que disse serem conotações “negativas” de ter “segredos” em seu nome.

A partir de agora, o vasto acervo de documentos, manuscritos e papiros do passado dos papas vai ser oficialmente conhecido como “Arquivo Apostólico do Vaticano”. Numa nova lei, Francisco observou que o arquivo está há muito aberto a estudantes e que ele próprio decretou que os arquivos da era da Segunda Guerra Mundial, do Papa Pio XII, acusado por alguns de não falar o suficiente sobre o holocausto, abririam a investigadores a partir de 2 de Março de 2020.

De acordo com o chefe da Igreja Católica, a mudança de nome reflecte melhor a realidade dos arquivos e “o seu propósito para a igreja e o mundo da cultura”. O arquivo contém documentação sobre a vida da Igreja Católica, desde o século VIII ao presente.

Congrega 600 colecções diferentes que estão organizadas ao longo de 85 quilómetros de prateleiras. Localizado dentro do Palácio Apostólico, o arquivo tem várias salas de leitura e um bunker de cimento armado de dois andares. Os mais preciosos documentos, incluindo antigos manuscritos banhados a ouro e autos da Inquisição sobre o julgamento de Galileu Galilei, são guardados em seguras e climatizadas salas, onde a humidade é controlada.

Foi o Papa Leão VIII quem, em 1881, abriu as portas do arquivo a investigadores e actualmente cerca de 1500 por ano são autorizados a entrar. Actualmente, o mais recente papado disponível para estudantes é o do Papa Pio XI, que morreu em 1939. A prática usual da Santa Sé tem sido esperar 70 anos após a conclusão do papado para abrir esses arquivos pontifícios. Mas isto significaria que os arquivos de Pio XII, que liderou a Igreja Católica de 1939 a 1958, não ficassem acessíveis a estudantes até 2028, no mínimo.

A Santa Sé tem estado sob pressão para organizar e catalogar a colecção de Pio XII mais depressa, para a tornar acessível a investigadores enquanto ainda estão vivos sobreviventes do Holocausto.

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