Ex-padre irlandês condenado por abuso sexual de menores foi detido no Algarve

O antigo sacerdote, que confessou ter abusado sexualmente de pelo menos 25 menores nos EUA, está em prisão preventiva depois de o Tribunal da Relação de Évora ter confirmado o mandado de extradição.

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fau fabio augusto

Um ex-padre católico irlandês, que já cumpriu pena nos EUA por abuso sexual de menores e por posse de pornografia infantil, foi detido no início desta semana pela Polícia Judiciária (PJ) no Algarve, onde estaria escondido, e deverá ser extraditado para a Irlanda em breve.

A PJ desencadeou uma operação na segunda-feira para dar cumprimento a um mandado de detenção europeu pendente contra o ex-sacerdote, que tem 74 anos e é suspeito do crime de posse de pornografia de menores. “Este indivíduo – que já tinha cumprido pena por crimes semelhantes nos Estados Unidos – regressou à sua terra natal, onde voltou a cometer novo crime. Deslocou-se depois para Portugal, zona do Algarve, onde veio a ser agora localizado e detido”, explica a PJ em comunicado.

Terá sido no final do ano passado, segundo o Correio da Manhã, que Oliver O'Grady se decidiu refugiar em Loulé, onde a PJ o foi agora encontrar, a pedido das autoridades irlandesas, que emitiram um mandado europeu de detenção porque o ex-sacerdote saiu do país se avisar a polícia, como deveria, por ser suspeito de posse de material de pornografia infantil. Mas a imprensa irlandesa adianta que a detenção pode estar relacionada com uma eventual localização do seu destino efectuada por uma organização que lida com casos de abusos de crianças. O antigo padre está agora em prisão preventiva, depois de o Tribunal da Relação de Évora ter confirmado o mandado de extradição.

Oliver O'Grady, que admitiu num depoimento gravado que terá abusado sexualmente de pelo menos 25 crianças entre o início dos anos 70 e o começo dos anos noventa do século passado no estado da Califórnia, não é um detido comum. Em 2006, a sua história deu origem a um popular documentário intitulado “Deliver Us From Evil" (“Livrai-nos do Mal”, na tradução portuguesa), em que admitiu o seu comportamento criminoso, revelou que ele próprio foi abusado em criança, e garantiu que as autoridades católicas sabiam o que estava a acontecer mas optaram sempre por transferi-lo de paróquia em paróquia.

Condenado pela primeira vez em 1993 a 14 anos de prisão por prática de actos obscenos e lascivos, ao longo de vários anos, contra dois menores, acabou por cumprir apenas metade da pena e foi deportado para a Irlanda em 2000.

Ainda passou alguns anos na Holanda, em Amesterdão, onde trabalhou como voluntário numa paróquia, mas só voltou a ter problemas com a polícia dez anos depois, e por um mero acaso – esqueceu-se num avião de um computador com material muito comprometedor, 280 mil imagens, várias horas de vídeo e quinhentas páginas de discussão sobre pornografia infantil. Voltou a ser condenado, desta vez a três anos de prisão. Depois de ter sido libertado, a polícia terá encontrado de novo material com pornografia de menores.

O Papa Francisco, que já apresentou um pedido de desculpas numa dura carta contra os abusos sexuais na Igreja Católica, reclamou acções concretas em Fevereiro passado, na cimeira com os presidentes das conferências episcopais em todo o mundo.

Portugal, onde há duas condenações de padres por abuso sexual, tem actualmente comissões de protecção de menores a funcionar nas duas dezenas de dioceses.

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