Soldado amputado entre 24 militares condecorados após missão na República Centro-Africana

Aliu Camará ficou amputado nas duas pernas. “A forte resiliência que todos souberam manter é prova da vossa preparação superior”, disse o ministro da Defesa.

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O soldado do Exército Aliu Camará, amputado nas duas pernas após um acidente de viação na República Centro-Africana (RCA), esteve esta quarta-feira entre os 24 militares condecorados pelas Forças Armadas pelos serviços prestados em missão internacional naquele país.

No salão nobre do Ministério da Defesa Nacional, em Lisboa, os membros da quinta Força Nacional Destacada (FND) na RCA receberam das mãos do ministro da Defesa, João Gomes Cravinho, do chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas, almirante Silva Ribeiro, da secretária de Estado da Defesa Nacional, Ana Santos Pinto, e de outras altas entidades militares cinco medalhas “de serviços distintos”, três “de mérito militar”, cinco “da cruz de São Jorge de terceira classe” e 11 “da cruz de São Jorge de quarta classe”.

“A forte resiliência que todos souberam manter é prova da vossa preparação superior, do vosso carácter e da coesão de grupo. E a resiliência que também o soldado Camará demonstrou, nestes meses de recuperação, confirma isso mesmo. A vossa condecoração pelas Nações Unidas e pelo Presidente da RCA é uma ilustração desse reconhecimento internacional que corresponde também ao nosso reconhecimento em Portugal”, afirmou João Gomes Cravinho.

O ministro da Defesa caracterizou a participação portuguesa na Missão Multidimensional Integrada das Nações Unidas para a Estabilização da RCA (MINUSCA) como “absolutamente fundamental para a estabilização da periferia sul da União Europeia e da OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte) e para alguns dos parceiros estratégicos do norte de África”, pois “o avanço de grupos terroristas e ideologias radicais tem de ser contrariado activamente”.

“Estou certo de que todos sentiram o quanto a nossa presença e disponibilidade para actuar na protecção de civis e na manutenção da paz é apreciada pelas populações da RCA. É nos gestos de carinho e apreço que vos foram manifestados pelas populações que isso se torna absolutamente evidente e é através do vosso contributo que esperamos que este país recupere a estabilidade e o bem-estar”, disse ainda Gomes Cravinho.

Os militares portugueses estão na RCA desde o início de 2017, inseridos na MINUSCA, cujo segundo comandante é o major-general Marcos Serronha, onde está agora a sexta FND, e na Missão Europeia de Treino Militar-República Centro-Africana, liderada pelo segundo comandante, coronel António Grilo.

A sexta FND, que tem a função de Força de Reacção Rápida, integra 180 militares, na sua maioria pára-quedistas, pertencendo 177 ao Exército e três à Força Aérea. Na RCA estão também 14 elementos da Polícia de Segurança Pública.

A RCA vive um cenário de violência desde 2013, depois do derrube do presidente François Bozizé por grupos armados juntos na Séléka, o que suscitou a oposição de outras milícias, agrupadas sob a designação anti-Balaka.

O Governo centro-africano controla cerca de um quinto do território. O resto é dividido por mais de 15 milícias que procuram obter dinheiro através de raptos, extorsão, bloqueio de vias de comunicação, recursos minerais (diamantes e ouro, entre outros), roubo de gado e abate de elefantes para venda de marfim.

Um acordo de paz foi assinado em Cartum, capital do Sudão, no início de Fevereiro pelo Governo e por 14 grupos armados. Um mês mais tarde, as partes entenderam-se sobre um governo inclusivo, no âmbito do processo de paz.

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