Carlos Moedas quer estar “um tempo fora da política activa”

O ainda comissário europeu descartou uma eventual candidatura à liderança do PSD.

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Carlos Moedas, comissário europeu daniel Rocha

O social-democrata Carlos Moedas assumiu nesta terça-feira que vai estar “um tempo fora da política activa” quando deixar de ser comissário europeu, descartando uma eventual candidatura à liderança do PSD. “Neste momento, acabarei de ser comissário e depois vou ter realmente um tempo fora da política activa e esse tempo será a servir as pessoas”, declarou aos jornalistas portugueses em Estrasburgo (França).

O comissário português cessante afastou assim o cenário de uma candidatura à liderança do Partido Social Democrata, escusando-se a especular sobre se poderá ser candidato noutro momento. “Esse cenário não está aqui posto. Mais importante do que as pessoas são as instituições e aquilo que realmente me importa é o meu partido e aquilo que o PSD representa. Vou sempre lutar, como militante de base, pelo PSD que é um dos partidos mais importantes da democracia portuguesa”, completou.

Aquele que foi secretário de Estado adjunto no Governo de Pedro Passos Coelho também não quis pronunciar-se sobre os candidatos à liderança do seu partido, por considerar que “é muito cedo” para o fazer. Recordando que estava a falar aos jornalistas na condição de comissário europeu para a Investigação, Ciência e Inovação e não de militante do PSD, Carlos Moedas reiterou que quer aproveitar o final do seu mandato no executivo comunitário para “pelo menos poder descansar um bocadinho destes cinco anos”.

“No outro dia olhava e via que, por ano, fiz à volta de 65 viagens. 65 viagens em 52 semanas, mais de uma por semana. Vou ter tempo para pensar, mas gostava de fazer algo que tivesse impacto social. Já trabalhei no privado, já trabalhei no público, gostava agora de ter uma experiência em que pudesse ajudar as pessoas de outra maneira. É isso que eu levo da política, servir, ajudar as pessoas, é o que eu gosto de fazer. Vamos ver como”, apontou.

O comissário aproveitou a ocasião do discurso de balanço de mandato do presidente do executivo comunitário, Jean-Claude Juncker, no Parlamento Europeu para também ele repassar os seus últimos cinco anos. “O meu legado foi deixar um novo pensamento em relação à inovação, que é o motor do emprego, do crescimento, a constituição de um novo Conselho Europeu da inovação, esta ideia de comunicar a ciência de uma maneira diferente. Depois, ter deixado a mais alta proposta da Comissão para a ciência na Europa, com 100 mil milhões para o programa Horizonte Europa”, enumerou.

Moedas compara Juncker a Marcelo 

Sobre Juncker, Moedas comparou o seu modo de fazer política ao de Marcelo Rebelo de Sousa. “Para ele, a política é feita das relações pessoais, é feita da amizade. Eu acho que ele faz parte deste grupo de políticos, na mesma linha do nosso Presidente da República”, disse, na conversa com jornalistas portugueses no Parlamento Europeu de Estrasburgo.

Moedas deixou bastantes elogios a Juncker, que considerou ser “um dos últimos visionários da Europa”. E argumentou que Portugal lhe “deveria estar muito agradecido”, pois Juncker terá sido decisivo na não aplicação de sanções pelo incumprimento das metas do défice em 2016. “Ele sabia exactamente qual era a coreografia que queria fazer para chegar ao resultado de não haver sanções para Portugal e Espanha”, recordou o comissário português. 

Lamentando que o trabalho da Comissão nos últimos cinco anos tenha permanecido “invisível”, Carlos Moedas salientou o crescimento económico dos países e a criação de 14 milhões de empregos. Quanto ao seu legado na pasta da Investigação, Ciência e Inovação, Moedas destacou a constituição do Conselho Europeu de Inovação. 

Carlos Moedas sai, no entanto, desgostoso com o “Brexit”. “Foi dos momentos mais duros. Pensar que eu fui comissário numa altura em que a Europa perdeu um dos seus Estados membros. Que mais nos poderia acontecer de mal? É terrível.”

Mas o processo de saída do Reino Unido da União Europeia trouxe também pontos positivos: a união dos restantes países. “Houve um lado positivo. É difícil ver lados positivos em coisas tão más, mas eles existem também”, conclui.

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