Primeiro-ministro da Guiné-Bissau denuncia tentativa de golpe de Estado

“O país está a ser empurrado para uma situação de subversão da ordem constitucional por pessoas que querem a todo o custo chegar ao poder”, escreveu Aristides Gomes no Facebook. As eleições presidenciais estão marcadas para 24 de Novembro.

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Aristides Gomes ENRIC VIVES-RUBIO/ARQUIVO

O primeiro-ministro da Guiné-Bissau, Aristides Gomes, denunciou, através de uma publicação na sua página do Facebook feita na segunda-feira à noite, uma tentativa de golpe de Estado para tentar impedir a realização de eleições presidenciais.

“O momento exige de cada um a máxima atenção e vigilância porque o país está a ser empurrado para uma situação de subversão da ordem constitucional por pessoas que querem a todo o custo chegar ao poder. Está em preparação um golpe de Estado com vista a interromper o processo da preparação das eleições presidenciais de 24 de Novembro”, pode ler-se na publicação dirigida aos guineenses e com o título de “urgente”.

Segundo o primeiro-ministro, o acto “conduziria à prisão do primeiro-ministro, assim como de alguns ministros” do Governo e iria ser concretizado no seguimento de “acções de vandalismo também em preparação para as próximas horas”.

“As provas materiais dos preparativos para a efectivação do crime estão seguramente guardadas para serem exibidas na altura devida”, salientou Aristides Gomes.

Na publicação, o primeiro-ministro revela também que o autor daqueles actos “está devidamente identificado de forma inequívoca e chama-se Umaro Sissoco Embalo”.

Umaro Sissoco Embalo, antigo primeiro-ministro guineense e dirigente do Movimento para a Alternância Democrática (Madem-G15), é candidato às eleições presidenciais, marcadas para 24 de Novembro. O coordenador nacional do Movimento para a Alternância Democrática (Madem-G15), Braima Camará, já condenou qualquer tentativa de sublevação do Estado de Direito e considerou “falsas” as acusações que envolvem Sissoco Embaló numa alegada tentativa de golpe de Estado.

​“Não obstante essas manobras que vão claramente contra o espírito da democracia, reafirmamos a nossa determinação em continuar a garantir todas as condições necessárias para que as eleições presidenciais tenham lugar a data marcada”, referiu o primeiro-ministro, que está ausente do país, segundo fonte do seu gabinete.

“Estamos a monitorizar a situação de perto, com preocupação, em conjunto com o P5”, disse a porta-voz da Missão Integrada para a Consolidação de Paz na Guiné-Bissau, Júlia Alinho. Além das Nações Unidas, o P5 inclui a União Europeia, a União Africana, a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa e a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO).

Rosine Sorri-Cloulibaly apela a todos os atores políticos para “evitarem acções e discursos que possam incitar à violência e prejudicar a estabilidade e o bem-estar da população”.

“Estamos a monitorizar a situação de perto, com preocupação, em conjunto com o P5”, disse a porta-voz da Missão Integrada para a Consolidação de Paz na Guiné-Bissau, Júlia Alinho. Além das Nações Unidas, o P5 inclui a União Europeia, a União Africana, a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa e a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO).

Rosine Sorri-Cloulibaly apela a todos os atores políticos para “evitarem acções e discursos que possam incitar à violência e prejudicar a estabilidade e o bem-estar da população”.

Aristides Gomes pediu ainda o reforço da Ecomib, a força de interposição da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) na Guiné-Bissau. “A Ecomib tem de ser reforçada. Não podemos constituir um factor de podridão para a sub-região”, afirmou o primeiro-ministro guineense, em declarações à Lusa por telefone a partir do Senegal.

As forças da Ecomib estão na Guiné-Bissau desde 2012, na sequência de um golpe de Estado militar, e têm a missão de garantir a segurança e protecção aos titulares de órgãos de soberania guineenses. O objectivo da força de interposição é promover a paz e a estabilidade na Guiné-Bissau com base no direito internacional, na carta das Nações Unidas, do tratado da CEDEAO e no protocolo sobre prevenção de conflitos daquela organização.

A segunda volta das eleições, caso seja necessária, está marcada para 29 de Dezembro. A campanha eleitoral, na qual vão participar 12 candidatos aprovados pelo Supremo Tribunal de Justiça, vai decorrer entre 1 e 22 de Novembro.

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