Erdogan e Putin fazem acordo para patrulhar Nordeste da Síria

Os dois países prometem colaborar na transferência de refugiados sírios para a área, depois de expulsos os curdos.

Foto
Erdogan e Putin em Sochi SERGEI CHIRIKOV/EPA

Os presidentes da Rússia e da Turquia anunciaram ter feito um acordo para que as forças de Moscovo comecem a patrulhar a partir das 12h00 (menos duas horas em Portugal continental) de quarta-feira uma faixa de dez km de largura na Síria, ao longo da fronteira com a Turquia, e que toda a milícia curda YPG, que até agora controlava a zona Norte e Nordeste da Síria, seria dali “removida”.

O acordo foi feito num encontro na estância russa de Sochi, onde Recep Tayyip Erdogan e Vladimir Putin se encontraram, e discutiram os pormenores do plano durante mais de seis horas, com os respectivos ministros dos Negócios Estrangeiros. Este plano pretende substituir o cessar-fogo que a delegação liderada pelo vice-Presidente norte-americano, Mike Pence, tinha conseguido de Erdogan, que termina esta terça-feira.

O Presidente turco renovou as ameaças de “continuar a combater com maior determinação” se as forças sírias curdas, que equipara a terroristas, não deixassem as cidades e territórios que interessam à Turquia, pelo que classifica como motivos de segurança, antes das 19h00 desta terça-feira.

Erdogan disse que 800 combatentes curdos tinham deixado a faixa de 32 km de largura ao longo dos 440 km de fronteira da Síria com a Turquia, onde Ancara quer criar uma “zona segura”, mas que restam ainda no terreno até 1300, diz a Reuters.

Moscovo e Ancara deverão colaborar na transferência de um milhão – embora Erdogan já tenha falado em dois milhões – de refugiados sírios que estão há anos na Turquia para a área de 32 km na fronteira da Turquia com a Síria.

Os curdos sírios fizeram um acordo com o Presidente Bashar Al-Assad para que duas das suas maiores cidades, Kobani e Manjib, não caíssem nas mãos das forças turcas. Forças sírias e russas já lá entraram. Para Erdogan isso não é problemático – desde que a milícia curda se retire.

O próprio Assad foi à frente esta terça-feira, embora a outra zona, em Idlib, no Noroeste, e denunciou o Presidente Erdogan como “um ladrão”, por atacar o Nordeste do país. “Erdogan é um ladrão e está a roubar-nos a nossa terra”, afirmou, rodeado de comandantes e soldados, na cidade de Hobeit, recapturada em Agosto, com o apoio dos militares russos, relata a Reuters, citando os media oficiais sírios.

Os chefes da diplomacia de ambos os países falaram também na reanimação do acordo de Adana – assinado em 1998, entre a Turquia e a Síria, com o objectivo de melhorar as relações bilaterais entre os dois países.

Sugerir correcção
Ler 56 comentários