Director criativo da Louis Vuitton assume-se anti-Trump

O Presidente dos EUA foi ao Texas cortar a fita inaugural da nova fábrica Louis Vuitton. Nicolas Ghesquière não gostou e deixou isso claro nas redes sociais.

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Nicolas Ghesquière, na Semana de Moda de Paris, que decorreu de 23 de Setembro a 1 de Outubro Gonzalo Fuentes/Reuters

O convite da Louis Vuitton para que Donald Trump presidisse à abertura de uma fábrica no Texas e as fotografias em que o Chefe de Estado surge ao lado de Bernard Arnault, o actual presidente e director executivo da LVMH, que detém a Louis Vuitton, originou uma tomada de posição de Nicolas Ghesquière, director criativo desta casa para as colecções femininas desde 2013.

Na sua conta de Instagram, Ghesquière partilhou a mensagem de estar “contra qualquer acção política”: “Sou um designer de moda que recusa esta associação”, declara, juntando as hashtags #trumpisajoke (o Trump é uma anedota) e #homophobia (homofobia) e a imagem da capa do álbum de 1984 High Energy, de Evelyn Thomas, cujos temas foram um sucesso nos clubes gay da época e que conquistou um lugar no álbum de compilação da SoBe Music, Gay Classics, Volume 1: Ridin ‘the Rainbow, onde High energy é descrita como uma música que “captura de maneira envolvente o espírito do género através de letras edificantes, fortemente fundidas com o deslumbrante trabalho de sintetizador”.

Uma forte tomada de posição por parte de Ghesquière, que depressa somou a aprovação de muitos e sonantes nomes ligados à indústria da moda e não só. Porém, no Instagram, o utilizador acabaria por bloquear os comentários — dois dias depois, a sua publicação soma quase nove mil reacções positivas, além de ser um assunto muito comentado no Twitter por gente ligada à indústria da moda.

Louis Vuitton aposta em produtos Made in USA

A abertura de uma fábrica em Alvarado, no estado norte-americano do Texas, vai permitir à Louis Vuitton apresentar ao mercado norte-americano produtos (no caso, malas e bolsas) com etiqueta Made in USA. O facto não só ajudará a empresa a ter resposta à cada vez maior procura, como também permitirá contornar as tarifas sobre determinados produtos europeus, decretadas pela Administração Trump.

O novo centro de produção, que se desenvolve por cerca de nove mil metros quadrados, irá empregar mão-de-obra local, mas as condições laborais poderão levantar problemas. Segundo o The Wall Street Journal, há queixas de más condições de trabalho e de discriminação contra mulheres e funcionários hispânicos

Além disso, o mal-estar, de acordo com o mesmo jornal, poderá também residir no valor do trabalho de 13 dólares (11,70 euros) por hora numa linha de montagem de onde saem malas que são vendidas por mais de 1200 dólares (1077 euros).

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