Torra quer novo referendo na Catalunha, mas só ouviu pedidos de demissão

Presidente do governo autonómico ficou isolado no parlamento catalão, quando tentava apresentar uma frente conjunta para condenar as sentenças do Supremo.

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A oposição parlamentar pediu a Torra que se demitisse Reuters/ALBERT GEA

O presidente do governo autonómico da Catalunha, Quim Torra, garantiu que vai defender a marcação de um novo referendo sobre a independência, redobrando o desafio a Madrid, dias depois da condenação de vários dirigentes independentistas pelo Supremo Tribunal de Espanha.

“Vou defender que, até ao final desta legislatura, se volte a exercer o direito de autodeterminação”, afirmou Torra, durante uma sessão extraordinária no Parlamento esta quinta-feira. “Se por se terem disponibilizados as urnas pela autodeterminação nos condenaram a 100 anos, deve-se voltar a disponibilizar urnas para [votar] a autodeterminação”, disse o presidente da Generalitat.

As declarações de Torra surgem ao fim de três noites de protestos violentos na Catalunha desencadeados desde que foram conhecidas as sentenças do Supremo Tribunal, na segunda-feira. O chefe do governo regional rejeitou “lições sobre a violência”, garantindo que sempre recusou qualquer táctica agressiva de protesto.

Na última noite, foram atendidas 96 pessoas pelos serviços de urgência e a polícia fez 32 detenções, segundo o El País. Esta quinta-feira, cerca de 25 mil estudantes universitários marcharam pelo centro de Barcelona em apoio ao movimento de independência.

Torra convocou esta sessão parlamentar para tentar encontrar uma posição conjunta entre os partidos independentistas para responder às condenações. No entanto, o presidente do governo catalão viu-se isolado, enfrentando críticas de todos os sectores e até pedidos de demissão.

As críticas mais duras vieram pela voz da líder parlamentar do Cidadãos, Lorena Roldán, que disse a Torra para “deixar de fazer de activista”. “Você legitima a violência”, afirmou a deputada da oposição.

O líder dos socialistas catalães, Miquel Iceta, também pediu a demissão de Torra e exigiu-lhe que tomasse em consideração a população que não é independentista nem quer participar nas manifestações desta semana. “Eles também têm direitos e os seus direitos estão a ser violados”, afirmou.

Apesar de considerar “injusta” a condenação dos dirigentes independentistas, a presidente da coligação Catalunha em Comum, Jéssica Albiach, pediu a Torra que se afastasse da chefia do governo.

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