Braga mostra-se “sustentável” na educação e na igualdade. No lixo, bem menos

Estudo da Universidade Católica adaptou indicadores do concelho à concretização dos Objectivos do Desenvolvimento Sustentável para 2030. As pontuações relativas à educação e à igualdade superaram a média nacional. A gestão do lixo ficou abaixo.

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jos Joao Silva

A educação e a busca da igualdade são os dois parâmetros que mais contribuem para Braga apresentar um Índice de Sustentabilidade Municipal superior à média nacional, afirma um estudo realizado pela rede local do Centro de Estudos e Sondagens de Opinião da Universidade Católica (CESOP-Local), apresentado esta quinta-feira.

Numa classificação de zero a 100, baseada em indicadores que permitem avaliar o cumprimento dos 17 Objectivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) das Nações Unidas (ONU) até 2030, que o concelho minhoto obteve uma pontuação de 69,1, superior às de Portugal (62,6), da região Norte (61,9), da sua comunidade intermunicipal, o Cávado (65,5), e “dos concelhos de alta densidade” (63,1).

O estudo, pioneiro a nível municipal em Portugal, foi realizado a partir de dados do Eurostat, da OCDE, da Rede de Soluções para o Desenvolvimento Sustentável e do Instituto Nacional de Estatística, relativos a um período entre 2011 e meados de 2017, concluiu que Braga tem uma pontuação de 82,0 na Educação de Qualidade, objectivo quatro da ONU, mais 14 pontos do que a média do país (67,9).

Uma das investigadoras envolvidas no estudo, Joana de Abreu, realçou que o município apresenta uma “taxa de retenção no ensino básico muito baixa face ao resto do país”, uma “menor proporção de alunos do 3.º ciclo a ter notas negativas nos exames”, “alta proporção de habitantes acima dos 34 anos com Ensino Superior face ao resto do país” e “população com pouco analfabetismo” (3,4% segundo o Censos 2011).

Outras categorias em que Braga se destacou foram a Erradicação da Pobreza, objectivo número um – pontuação de 74,2, quando Portugal se fica pelos 50 -, a Igualdade de Género (objectivo cinco), com 76,1 pontos face aos 69,7 nacionais, e a Redução das Desigualdades (objectivo dez), com uma pontuação de 82,3, bem acima dos 49,5 do resto do país. Noutros parâmetros, o concelho apresentou valores altos, mas semelhantes ao do país: na Saúde de Qualidade (objectivo três), Braga obteve 84,7 e o país 80,1, enquanto na produção de energias renováveis, Portugal chegou aos 85,6 e Braga aos 90,4.

O concelho, porém, ficou aquém da média nacional nos objectivos Indústria, Inovação e Infra-estruturas (64,5 para 69,1) e, sobretudo, e Produção e Consumo Sustentáveis, objectivo relacionado com produção de resíduos, separação do lixo e reciclagem. A pontuação municipal foi de 42,0, bem abaixo dos 59,4 pontos atribuídos ao país. O estudo atribuiu esse resultado ao facto dos “resíduos serem pouco valorizados” e à “baixa acessibilidade” a locais de recolha.

Após a apresentação, o presidente da Câmara, Ricardo Rio, atribuiu essa fragilidade à escassez de contentores na cidade durante o período contemplado pelo estudo, que antecedeu a entrada em vigor do novo sistema de recolha de lixo da cidade, em Maio de 2018. De resto, o autarca considerou que a métrica fornecida pelo estudo dá ao município a possibilidade de conhecer onde tem de ser melhor quanto à concretização dos ODS.

O coordenador do estudo, José Fidalgo, assumiu, por seu turno, as limitações do estudo, presentes na escasses de indicadores a nível municipal para alguns ODS e na antiguidade de alguns dados. “Muitos dos estudos publicados em 2019 baseiam-se em dados de 2017, mas esperamos, daqui para a frente, apresentar informação mais actualizada”, disse.

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