Apagão em Novembro na ilha do Corvo para salvar as aves marinhas

O objectivo principal é mitigar o impacto da poluição luminosa nas aves marinhas.

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Enric Vives-Rubio

A iluminação pública da ilha do Corvo, a mais pequena dos Açores, vai sofrer um apagão na noite de 01 de Novembro, uma iniciativa para sensibilizar para a ameaça que a poluição luminosa representa para as aves marinhas.

“O Festival Lusco-Fusco associado a um apagão geral da iluminação pública na ilha do Corvo pretende sensibilizar a população e servir de exemplo e incentivo para outros municípios dos Açores, de modo a reduzir o encandeamento das aves além das campanhas de resgate, facilitando o seu regresso ao mar e a sua sobrevivência”, adiantou nesta quinta-feira a Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA).

Numa nota enviada à agência Lusa, a SPEA explica que “o Festival Lusco-Fusco, associado a um apagão geral da iluminação pública na ilha do Corvo”, decorre a partir das 21h00 do dia 1 de Novembro e até às 5h de dia 2 de Novembro.

Esta iniciativa da SPEA, Câmara Municipal do Corvo e Parque Natural de Ilha do Corvo será realizada no âmbito do projecto Interreg LuminAves que “tem como objectivo principal mitigar o impacto da poluição luminosa nas aves marinhas e desenvolver uma estratégia de mitigação para esta ameaça ao nível da Macaronésia” (Madeira, Açores, Canárias e Cabo Verde).

“Esta estratégia tem em conta o impacto desta ameaça sobre as aves marinhas e também a política de eficiência energética, ficando sempre patente que ambas devem ser avaliadas em sinergia, dada a importância que a região tem para estas espécies e as metas de conservação e turismo sustentável almejados”, sublinha a organização que trabalha para a conservação das aves e dos seus habitats em Portugal.

Associado a este “apagão”, uma iniciativa que a SPEA sublinha ser “pioneira”, será realizado um conjunto de actividades desde a habitual brigada diária pela Vila do Corvo para salvar cagarros juvenis encadeados, a acções que contam com a participação de diversos voluntários e com o apoio do bar dos Bombeiros da mais pequena ilha açoriana.

A SPEA alerta que “as aves marinhas são o grupo de aves mais ameaçado do mundo, em particular pelas capturas acessórias, predadores introduzidos, destruição de habitat, alterações climáticas, lixo marinho e a poluição luminosa”.

De acordo com a SPEA, esta iniciativa na noite de 01 de Novembro junta-se “a outras actividades que a Câmara Municipal do Corvo tem vindo a desenvolver desde 2017, nomeadamente o desligar da iluminação pública durante os períodos mais críticos na campanha SOS Cagarro, de maiores quedas da ave.

A SPEA promove também outras iniciativas, com a parceria do Parque Natural de Ilha do Corvo, como a campanha SOS Estapagado (uma ave marinha).

Através da campanha SOS Estapagado, nos últimos 10 anos durante o mês de Agosto salvou-se esta outra ave marinha, mais pequena e desconhecida nos Açores, mas que também sofre de encadeamento, contribuindo para tornar a ilha do Corvo num santuário para as aves marinhas, adianta a SPEA.

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