Cartas ao director

Salário Mínimo Nacional

Segundo um estudo da Universidade de Coimbra, o aumento do Salário Mínimo Nacional (SMN) nos últimos anos provocou a subido dos salários médios. A comprovação desta situação deu-se comparando os salários gerais com os das atividades financeiras e seguros, onde os salários mais baixos são muito acima do SMN. Isto prova que, e ao contrário do que tem sido dito, os salários podem subir bem mais pois irão, seguramente, provocar maior consumo e melhoria da economia e das receitas da Segurança Social e Finanças. Há quem invoque a necessidade de ter salários baixos por causa da competitividade das nossas exportações. A maioria das nossas exportações são para a UE, onde os salários são muito acima dos nossos, logo, não é por aí que se perde competitividade. Quando a CGTP defende o aumento do SMN para 850 euros tem toda a razão. Os salários baixos são inimigos da competitividade porque não incentivam o investimento em novas tecnologias. Espero que o próximo governo perceba isso.

Mário Pires Miguel, Reboleira

Martírio nos transportes públicos

Moro na Margem Sul do Tejo e, por dever de esperança e caridade – as mesmas de que nos fala o Papa Francisco perante a emergência ambiental que vivemos –, obrigo-me a usar transportes públicos. Sucede, no entanto, que a caridade se converte repetidas vezes em martírio. No espaço de apenas uma semana, três avarias no metro de Lisboa – duas na linha amarela e uma na linha vermelha – tornaram incompatível aquele compromisso com os deveres profissionais e familiares que também tenho. Ora, assim não. E a bem da salubridade no discurso público, que cessem por favor as proclamações ambientais de responsáveis políticos enquanto persistir a incúria nos serviços de transportes públicos.

Luís Pereira Coutinho, Montijo

 As eleições e o Partido da Abstenção

Nas legislativas que tiveram lugar no dia 7 de Outubro, apesar dos apelos dos dirigentes partidários, e, apesar do apelo do presidente da República para a necessidade premente do voto, mais de 4 milhões e 250 mil eleitores fizeram ouvidos de mercador e não se deslocaram às urnas de voto. E um número apreciável das pessoas que se deslocaram às mesas de voto espalhadas pelo país votou em branco, 129.590, a que se juntaram os votos nulos, 88.539. Por este facto, não foi surpresa o Partido da Abstenção alcançar os 45.5% - bateu todos os outros partidos, aliás como se tem verificado ao longo destes anos de democracia. Só nas eleições de 1975 mais de 95% dos portugueses votaram. Não admira que, à época, os portugueses tivessem votado maciçamente. Estavam ébrios de liberdade, estavam felizes e ansiavam por votar. O tempo, inexorável, foi passando e, ano após ano, o desencanto e a desilusão foram medrando reflectindo-se no número de eleitores que, eleição após eleição – ao longo de mais de 40 anos – foi diminuindo. E a realidade é que nestes 40 e tal anos que passaram após o 25 de Abril a abstenção octuplicou! Estaremos numa democracia plena que reflecte o que os eleitores desejam?

António Cândido Miguéis, Vila Real

Sugerir correcção
Comentar