Indústria de Setúbal apreensiva com recondução do ministro do Planeamento

Associação da indústria aplaude nomeação de Siza Vieira para a Economia mas espera que Nelson de Souza não continue a “obstaculizar” o acesso da região aos fundos comunitários

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Paulo Pimenta

As grandes empresas da região de Setúbal estão apreensivas com o novo Governo, cuja composição foi conhecida na terça-feira, vendo com bons olhos o nome indicado para novo ministro da Economia, mas revelando algum desagrado pela continuação de Nelson de Souza como titular da pasta do Planeamento, responsável pela gestão dos fundos comunitários.

A Associação da Indústria da Península de Setúbal (AISET), que reúne as maiores empresas da região, entre as quais Autoeuropa, The Navigator Company, Sapec e Secil, deu conta ontem, em nota enviada ao PÚBLICO, desse duplo sentimento.

“A AISET avalia como positiva a nomeação para ministro de Estado e da Economia do Dr. Pedro Siza Vieira, porquanto conhece o seu interesse e proximidade com a realidade industrial, designadamente da Península de Setúbal. Contamos com o seu desempenho para desenvolver e potenciar a actividade industrial da Península, criando mais emprego e riqueza”, refere a nota.

“Paralelamente, a AISET tem expectativa que a recondução do ministro do Planeamento não signifique a continuação da obstaculização do acesso da Península a financiamento comunitário, tal como vem sucedendo pelo menos desde 2017”, continua a AISET.

Para a associação industrial, é importante “virar essa página e encontrar soluções institucionais que permitam às empresas da região investir e modernizar-se em igualdade de circunstâncias com o resto do país, contribuindo para as exportações e emprego”.

A península de Setúbal, embora corresponda a 54% do território da Área Metropolitana de Lisboa (AML), considera-se discriminada no acesso aos fundos comunitários por estar incluída na mesma NUT II, com estatuto de região desenvolvida nos critérios da União Europeia.

Segundo um estudo recente apresentado pela AISET, o nível de desenvolvimento da Península de Setúbal é muito inferior ao da zona norte do Tejo, com um rendimento per capita equivalente aos das regiões mais pobres do país. De acordo com o referido estudo, em 2016, a Península de Setúbal estava já entre as quatro regiões menos desenvolvidas de Portugal e mantinha-se a trajectória de divergência.

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