Mergulhar no “cinema imersivo” em Espinho

São 50 filmes a 360 graus para ver entre quinta-feira e domingo no Planetário de Espinho

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No planetário de Espinho os filmes são projectados numa cúpula a 360 graus adriano miranda

O Planetário de Espinho acolhe, desta quinta-feira a domingo, a sua bienal de cinema imersivo, a que este ano concorrem 50 filmes de 18 países, todos para projecção em telas a 360 graus, com tecnologia 2D ou 3D.

O IFF (sigla para Immersive Film Festival) está na quinta edição e leva à cúpula do planetário filmes que, dadas as suas elevadas exigências tecnológicas a nível de gravação e reprodução, apresentam uma duração tipicamente não superior a 35 minutos e privilegiam temáticas relacionadas com ciência. O astrónomo António Pedrosa, director do Planetário de Espinho que dirige igualmente o IFF — “​o primeiro festival europeu de cinema imersivo — declara à Lusa que, comparativamente a anteriores edições, o programa de 2019 evidencia “um notável avanço tecnológico nos seus filmes, quer em termos de narrativa, quer no que se refere à própria produção”. Acrescenta ainda que “quase todos os filmes são estreias nacionais”.

A consolidação do cinema imersivo fica a dever-se ao ritmo de crescimento das audiências, como explica o astrónomo. “A evolução tem sido grande pois, nos últimos anos, esta tecnologia passou a estar mais acessível ao grande público, o que permite que o envolvimento por parte de criadores e produtores seja cada vez maior”, defende. Sobre as obras em competição em 2019, o astrónomo realça: “Há filmes muito interessantes, desde os completamente abstractos, que nos levam a passear pelos mundos dos fractais, até aos que abordam criações artísticas de cariz muito particular, como as da arte japonesa”.

O director do IFF destaca também, pelo seu especial interesse histórico, científico e urbanístico, “a produção que aborda um tema muito caro aos portugueses: o terramoto de 1755, num filme em que se passeia pela velha Lisboa e no qual se retratam os fatídicos acontecimentos desse dia”. O filme foi produzido pelo Fulldome Studio DN, de Berlim, e integra uma abordagem mais alargada a filmes sobre outras fenómenos geológicos violentos e respectivas causas. “A história parte do exemplo de Lisboa, na altura uma das mais ricas cidades da Europa, e conta como o terramoto surgiu sem aviso e com grande impacto”, revela António Pedrosa.

O programa da quinta edição do IFF inclui ainda “um concerto imersivo a 360 graus por Surma”, no qual a artista portuguesa com carreira internacional apresentará temas do álbum Antwerpen, envolta pela projecção de um “vídeo audiorreactivo” registado ao vivo. “A criação visual estará a cargo do DJ Pixel Bitch, conhecido pelo seu trabalho como VJ e Mapper em eventos de videoarte, e a imagem será lançada como se de um instrumento musical se tratasse, acompanhando e interagindo em tempo real com o trabalho de Surma”, revela fonte do Planetário de Espinho. Todos os conteúdos do concerto serão “originais e gerados em tempo real”, para que, mediante o acréscimo de formas 3D ao espaço e de reacções ao áudio, o público experimente “uma total sensação de imersão” no espectáculo.

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