Lulu Santos ao vivo com um disco que “percorre todas as estações da paixão”

O cantor e compositor brasileiro Lulu Santos traz a Portugal um novo disco, Pra Sempre, prometendo “um belo passeio” pelas canções marcantes da sua carreira nos coliseus. Esta quarta-feira no Porto e quinta-feira em Lisboa.

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Lulu Santos em palco LEO AVERSA

Quinze anos após a sua estreia em Portugal, o cantor e compositor brasileiro Lulu Santos está de volta. E se em 2004 actuou num festival, no palco por onde passaram, no mesmo dia, Carlinhos Brown e os britânicos UB 40, agora apresenta-se nos coliseus do Porto (dia 16, 21h) e de Lisboa (dia 17, 21h30) com um espectáculo centrado no seu novo disco, Pra Sempre, lançado este ano. Mas não só, como ele explica ao PÚBLICO, por telefone: “O show tem evidentemente a chancela do álbum que lançámos há uns meses, mas como em todo o espectáculo meu, ele é um belo passeio por todas as canções marcantes da carreira. São duas horas, ou pouco mais, e tudo o que as pessoas esperam vai estar lá.”

Nascido em Copacabana, a 4 de Maio de 1953, Lulu Santos foi um dos pioneiros do rock brasileiro nos anos 80 e, ao longo da sua carreira passou pelo rock progressivo, pela pop e pela música de dança. Autor de sucessos como Tempos modernos, Um certo alguém, Tão bem, Como uma onda (zen surfismo), Lua de mel, O último romântico ou Hiper conectividade, Lulu Santos continua a atrair multidões aos seus espectáculos, como há pouco sucedeu no Rio de Janeiro, no Rock In Rio.

Foi programado para o dia 6 de Outubro, para o Palco Sunset, por onde nesse mesmo dia passaram Melim & Carolina Deslandes, O Terno e Capitão Fausto e, a fechar, como cabeças de cartaz, os britânicos King Crimson. E houve uma enchente: “Fomos convidados para fazer o palco secundário, mas houve uma disfunção, porque é um palco projectado para 15 a 20 mil pessoas e no show a gente tinha 100 mil!”

Um disco nascido de uma relação

Pra Sempre, com canções como RadarPra sempreTão realHoje em diaLava ou Gritos & sussurros, é centrado na temática do amor. “Percorre todas as estações da paixão. Porque da primeira à última (e são oito inéditas, mais uma regravação e um tema instrumental), são sobre o mesmo assunto: a minha relação, que começou há ano e meio, com Clebson Teixeira, com quem eu estou casado agora. E as canções percorrem cada uma das etapas: o envolvimento, a paixão, e acaba com um convite para dividirmos o domicílio, com a concordância de que a gente tem mais é que passar a vida juntos.”

Um disco de amor em tempos de guerra? Lulu Santos diz que sim, e tem uma justificação lógica para isso: “Sim, mas com a gente, pessoalmente, por mais que o ambiente em volta esteja caótico, sempre tem o desejo, a vontade, a necessidade (como dizem os Titãs) de ter um amor, até para nos resguardarmos desse ambiente externo. Porque se constrói um núcleo de compreensão e amor, e duas pessoas juntas são mais fortes do que uma.”

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Lulu Santos LEO AVERSA

O panorama musical no Brasil, hoje, é visto por ele com optimismo, apesar de todas as condicionantes. “Os meios democratizaram-se muito. Nas favelas do Rio de Janeiro, nas comunidades carentes, mesmo morando em condições que não são as ideais, há três ou quatro estúdios produzindo isso que se chama funk carioca. E que em determinado sentido ocupou o lugar ou o espaço que foi o do pop-rock durante mais de vinte anos.

Um Midas chamado KondZilla

Em Março de 2004, quando se estreou em palcos portugueses, Lulu Santos caracterizou deste modo ao PÚBLICO, numa entrevista, o seu começo musical: “Sou formado pelo sucesso popular da década de 60 em diante. Faço música por causa dos Beatles, dos Rolling Stones, do Roberto Carlos, do Erasmo, do Caetano Veloso e do Gilberto Gil.” Agora, ele olha com interesse e atenção para as novas tendências musicais, elogiando-as:

“Na realidade, faz-se muita música no Brasil, consome-se muita música no Brasil. É um país gigantesco, com uma população igual, e tem música para todos os gostos, desde o sertanejo que se chama universitário, que é uma evolução urbanizada da música sertaneja brasileira, que é praticamente dominante. Temos expressões como Marília Mendonça, Léo Santana, e agora esse pop-funk urbano puxado por pessoas como Anitta, Ludmilla, Kitinho, Nego do Borel, isso é a coisa mais interessante que está acontecendo. Porque é uma música contemporânea, electrónica, de pista de dança, mas com um sotaque inteiramente brasileiro, adicionando as batidas afro.”

Como, por exemplo, as músicas lançadas por KondZilla: “Esse produtor de São Paulo virou um Midas e é provavelmente a pessoa que tem mais seguidores no YouTube no mundo inteiro. Eu acompanhei o desenrolar dessa linguagem nos últimos vinte anos, com muito interesse, e sempre achei que era a via para uma internacionalização contemporânea da música brasileira.”

Findos os concertos em Portugal, Lulu Santos seguirá para Dublin, Londres, Belém do Pará e, já em Novembro, Estados Unidos: Los Angeles, São Francisco, Houston, Nova Iorque, Miami, Orlando. Depois, continuará pelo Brasil (Rio, Niterói, Porto Alegre, São Paulo): “Começámos só há quatro meses, portanto ainda há muito que tocar.”

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