Política, racismo e Portugal mais “apertado” para ir ao Euro 2020

Houve tensão política em França, racismo contra ingleses na Bulgária e Sérvia a “morder os calcanhares” a Portugal.

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Turcos festejam em Paris. Reuters/BENOIT TESSIER

Em Paris, esperava-se muita tensão no França-Turquia e o jogo acabou mesmo por ser mais “quente” fora do estádio do que dentro dele. Com a polémica da ofensiva turca sobre as posições curdas no nordeste da Síria – um movimento militar apoiado pela selecção da Turquia –, este jogo chegou mesmo a ver pedidos de suspensão por parte de políticos franceses. Nada disso se passou, todavia, e nem sequer a presumivelmente atribulada cerimónia dos hinos teve problemas. Na verdade, tudo foi bastante calmo em Paris, sobretudo no jogo.

A França dominou a partida e a Turquia consentiu-o, defendendo com onze jogadores atrás da linha da bola. Até o próprio Burak Ylmaz, ponta-de-lança, chegava a estar colocado a meio do próprio meio-campo, evidenciando a pouca vontade turca de atacar e de dar espaços aos gauleses. Com dificuldade em penetrar no denso bloco turco, apesar da muita posse de bola, a França praticamente só criou perigo com um remate de meia-distância de Griezmann, aos 35 minutos.

Com a dificuldade para criar perigo em jogo corrido, só mesmo de bola parada os franceses lá poderiam chegar: Giroud cabeceou aos 76’ – continua a ter bons registos goleadores pela selecção –, e a França chegou, finalmente, à vantagem. E ao Euro 2020, pensavam. O problema é que, novamente de bola parada – grande bola de Çalhanoglu –, os turcos chegaram ao empate, por Ayhan, festejando o golo como já se esperava: novamente com a saudação ao exército turco em actividade na Síria.

No futebol, tudo ficou por decidir num grupo em que a Islândia ainda sonha, depois de vencer a Andorra (2-0).

Inglaterra fez o que lhe competia, mas…

Sem grande emoção no campo – o jogo foi resolvido facilmente pelos ingleses –, o Bulgária-Inglaterra acabou por ter maior perturbação por conta do racismo. Alguns adeptos búlgaros entoaram sons racistas para jogadores ingleses – Sterling e Mings terão sido os maiores visados – e o árbitro interrompeu a partida, aos 28 minutos, tendo havido um aviso geral por parte do speaker do estádio.

Aos 43 minutos, o jogo parou novamente. E, desta feita, o aviso do árbitro Ivan Bebek foi bem mais firme. Uma conversa com os treinadores acabou por resultar numa intervenção pública de um delegado da UEFA, dizendo que o árbitro ameaçava suspender definitivamente o jogo.

No que diz respeito ao futebol, os ingleses tinham viajado até Sofia sabendo que uma vitória frente à Bulgária poderia valer apuramento para o Euro 2020. O problema é que a essa premissa vinha anexada uma “nota de rodapé”, em letras pequenas: o Kosovo não poderia vencer Montenegro, o que veio a verificar-se (2-0).

Ainda assim, os ingleses cumpriram a parte que lhes competia, golearam por 6-0, e até resolveram a questão bastante cedo. E com “nota artística”, acrescente-se. Aos sete minutos, Rashford “vingou” os tempos difíceis vividos no Manchester United e mostrou um pouco do que tem para dar: recebeu do lado esquerdo, passou por Popov, passou por Pashov, voltou a passar pelo mesmo Pashov – desta vez, deixando o lateral búlgaro “sentado” –, puxou para dentro e rematou em arco. Golo tremendo do avançado inglês e jogo desbloqueado antes dos dez minutos.

Aos 20’, uma combinação curta permitiu a Sterling romper pela direita e cruzar rasteiro para Barkley “encostar” ao segundo poste. Tudo estava fácil e mais fácil ficou com o bis de Barkley, de cabeça, à passagem da meia hora de jogo, e com o 4-0 por Sterling, aos 45+1, num lance em tudo semelhante ao primeiro golo de Barkley. Sterling e Kane ainda marcaram na segunda parte, construindo a “meia dúzia”.

Em Pristina, o Kosovo colocou-se bastante mais perto de fazer história. Cunhando a posição como candidato a estar no Euro 2020, a equipa kosovar venceu Montenegro, por 2-0, e chegou aos 11 pontos, apenas menos um do que a República Checa – e em Novembro haverá duelo entre as equipas, com a qualificação a ser jogada nessa partida, em Praga.

Com arbitragem de Artur Soares Dias, o Kosovo também não protelou a resolução do jogo, tal como a Inglaterra, marcando logo aos dez minutos. O guarda-redes Petkovic – substituído logo a seguir – falhou uma saída aérea e Rrahmani marcou de cabeça. Muriqui fez o segundo aos 34’, num contra-ataque, e a selecção de Montenegro mostrou que ainda não seria desta que mudaria uma qualificação surpreendentemente fraca, com apenas três pontos (frutos de três empates).

Sérvia aperta Portugal

Com a derrota de Portugal, a Sérvia tinha uma oportunidade de ouro de reentrar na luta pelo apuramento. E parece ter sido mesmo esse o tónico necessário à armada de Belgrado, já que só após o intervalo – possivelmente, sabendo do resultado português – chegou ao golo. E a receita foi em duplicado: Mitrovic marcou aos 49’, após jogada de Ljajic na direita, e o mesmo Mitrovic marcou quatro minutos depois, novamente após jogada de Ljajic na direita, em dois golos praticamente iguais.

Os sérvios têm, agora, dez pontos, menos um do que Portugal. Ambas as equipas defrontam o Luxemburgo, mas a diferença deverá ser feita nos outros jogos que faltam: os sérvios defrontam a Ucrânia, enquanto os portugueses enfrentam a Lituânia.

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