Os “Brave Blossoms” já ficaram na história

O Japão derrotou a Escócia e tornou-se neste domingo na primeira selecção asiática a apurar-se para os quartos-de-final de um Mundial de râguebi.

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Reuters/KEVIN COOMBS

Quatro jogos, quatro vitórias e uma enorme lufada de ar fresco numa modalidade onde a monotonia tem sido a regra dominante. Com mais uma exibição de enorme qualidade, o Japão derrotou neste domingo a Escócia, por 28-21, e tornou-se na primeira selecção da Ásia a chegar aos quartos-e-final de um Campeonato do Mundo de râguebi. Com o 1.º lugar no Grupo A, os “Brave Blossoms” afastam-se do caminho da Nova Zelândia e vão defrontar dentro de uma semana a África do Sul.

Para quem tem acompanhado a evolução do râguebi japonês na última década, é apenas uma meia surpresa. Com um projecto construído com pés e cabeça, que teve no australiano Eddie Jones, actual líder da selecção inglesa, um dos seus principais mentores, o Japão preparou-se com tempo (e dinheiro) para o Mundial que ia organizar e os resultados estão à vista.

Com vários jogadores naturalizados de qualidade, os japoneses construíram uma equipa que começa a ser temida pelos pesos-pesados e neste domingo, em Yokohama, a Escócia foi a última vitima dos nipónicos.

A precisarem de vencerem por mais de sete pontos, os escoceses até começaram melhor e colocaram-se a vencer por 7-0 (ensaio de Finn Russell, aos 6’), mas com um râguebi expansivo e bonito, o Japão marcou três ensaios antes do intervalo, colocando-se com uma vantagem sólida: 21-7.

Para agravar ainda mais o cenário dos britânicos, a abrir a segunda parte Kenki Fukuoka fez o seu segundo toque de meta na partida (28-7). Para a Escócia, a qualificação passava a ser uma miragem.

Willem Nel (49') e Zander Fagerson (54´) ainda fizeram os escoceses sonhar na reviravolta (28-21), mas o Japão segurou uma vitória histórica e merecida. 

Uma dúzia de horas antes do início do Japão-Escócia, a World Rugby tinha anunciado que depois do Nova Zelândia-Itália e o Inglaterra-França haveria um terceiro jogo cancelado. O Namíbia-Canada do Grupo B, que deveria ter sido realizado em Kamaishi, acabou por não se realizar devido à passagem do tufão Hagibis pelo Japão, acabando por ser atribuído à partida o resultado de 0-0 e dois pontos para as duas selecções que repartiram o último lugar do grupo.

No Grupo D, o País de Gales ficou-se pelos serviços mínimos. A precisarem apenas de vencer, os galeses fizeram o pior jogo até ao momento no Mundial 2019, mas isso chegou e sobrou para ultrapassar o Uruguai, com Gareth Davies a conseguir na “bola de jogo” o quarto ensaio dos britânicos, que garantiu o ponto de bónus e o triunfo, por 35-13.

Finalmente, em Higashiosaka Tonga foi superior aos Estados Unidos e fugiu ao último lugar do Grupo C. Os norte-americanos ainda chegaram ao intervalo a vencer por 12-7, com dois ensaios de Mike Teo, mas nos últimos 40 minutos a selecção do Pacífico deu a volta ao resultado, garantindo a conquista do ponto de bónus ofensivo na “bola” de jogo, com um ensaio de Telusa Veainu que fixou o resultado final em 31-19.

Terminada a fase de grupo, o Mundial regressa no próximo fim-de-semana com a realização dos quartos-de-final. No sábado, em Oita, a partir das 8h15 haverá uma reedição da final do Mundial 2003 (Inglaterra-Austrália), com o favoritismo a ser dos ingleses. Três horas mais tarde, em Tóquio, a Nova Zelândia terá pela frente a Irlanda, num jogo onde a responsabilidade estará do lado dos All Blacks.

No domingo, às 8h15, haverá um jogo do Torneio das Seis Nações e um dos confrontos com o desfecho mais imprevisível: País de Gales-França. A fechar os “quartos”, a África do Sul e Japão vão reeditar um encontro de 2015, em que os japoneses conseguiram uma das mais sensacionais vitórias da história da competição.

Para além das oito selecções que se mantêm em prova, também garantiram o apuramento para o próximo Campeonato o Mundo, que será disputado em 2023, em França, a, Escócia, a Itália, a Argentina e Fiji.

Quartos-de-final
Inglaterra-Austrália, dia 19 às 8h15
Nova Zelândia-Irlanda dia 19 às 11h15
País de Gales-França, dia 20 às 8h15
Japão-África do Sul, dia 20 às 11h15

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