Trabalho por conta própria e em pequenas empresas representa 70% do emprego mundial

Os dados da Organização Mundial do Trabalho mostram diferenças “consideráveis” entre os países com salários mais baixos e mais altos. Nos primeiros, as pequenas unidades económicas são responsáveis por 100% do emprego.

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asm ADRIANO MIRANDA

Sete em cada dez trabalhadores no mundo trabalham por conta própria ou estão empregados em micro ou pequenas empresas, revela um estudo da Organização Mundial do Trabalho (OIT) divulgado nesta sexta-feira.

O relatório Small matters: Global evidence on the contribution to employment by the self-employed, micro-enterprises and SMEs analisa dados de 99 países e conclui que as chamadas “pequenas unidades económicas” representam “mais de 70% do total do emprego, fazendo, de longe, com que sejam os motores mais importantes do emprego”.

De acordo com o estudo há, contudo, “diferenças consideráveis” entre os vários países e regiões e constata-se que o peso no total do emprego dos trabalhadores por conta própria e dos empregados em micro ou pequenas empresas é menor naqueles em que os salários são mais altos.

Nos países de elevados rendimentos, 58% do total do emprego é da responsabilidade das pequenas unidades económicas. Já nos países de baixos e médios rendimentos a proporção é consideravelmente maior, diz a OIT: “é de quase 100%” nos países com baixos rendimentos. 

Na Europa e na Ásia Central, onde segundo o estudo estão os países de elevados rendimentos, a percentagem de trabalhadores por conta própria é de 10% e o peso dos trabalhadores em microempresas (até nove trabalhadores) é de 21,4%. O sector com maior peso neste segmento é o dos serviços (68,5%).

Por outro lado, no sul da Ásia, as percentagens são de quase 70% no caso dos trabalhadores por conta própria e de 20% nas microempresas, estando concentrados nos serviços e na agricultura.

O estudo refere ainda que, nos 99 países analisados, estima-se que 62% do emprego total, em média, é informal, mas também este indicador varia de forma significativa entre os países, sendo superior a 90% onde os salários são considerados baixos, como Madagáscar ou Costa do Marfim, e inferior a 5% em vários países europeus, como Áustria, Bélgica, Suíça, Irlanda, Luxemburgo e Dinamarca.

Segundo a OIT, os resultados do estudo possuem “elevada relevância” quanto às implicações nas políticas e programas de criação de emprego, empregos de qualidade, start-ups, produtividade e formalização do trabalho, pelo que defende ser necessário “maior foco nestas pequenas unidades económicas”.

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