Comissão executiva do PEV deu aval a negociações com PS

Verdes deverão voltar a reunir com socialistas ainda antes da elaboração do programa do Governo. Ecologistas dizem-se preocupados com o “crescimento alarmante da vertente populista” e da extrema-direita.

Foto
Rui Gaudêncio

A Comissão Executiva Nacional do Partido Ecologista Os Verdes deu o seu aval a que o partido mantenha o diálogo com o PS e o Governo de António Costa para “apreciação prévia conjunta de eventuais propostas de rejeição ao programa do Governo, moções de censura ao Governo e de cada orçamento do Estado”.

Em comunicado, a comissão limita-se a anunciar que é favorável a que o PEV assuma disponibilidade para esta apreciação mas não faz qualquer referência à forma que um futuro entendimento deverá assumir – ou seja, se é um compromisso para quatro anos ou para ser visto anualmente, ou se implica que os Verdes queiram ver incluídas ainda no programa do Governo algumas medidas. É que no final da reunião de quarta-feira na sede do PEV, o deputado José Luís Ferreira afirmou que a intenção do partido é assegurar que na próxima legislatura se irão pôr em prática “propostas justas para o ambiente e para os portugueses”. O que já se sabe é que não haverá qualquer documento.

Sobre o resultado eleitoral da CDU, coligação que o PEV partilha com o PCP e a Intervenção Democrática - que reduziu a votação de 8,27% para 6,46% e perdeu cinco deputados, conseguindo eleger doze -, a comissão do PEV considera que os resultados globais não foram “satisfatórios”, ainda que saliente que foi a “quarta força política no país”. Os ecologistas lamentam que os números não espelhem a “grande campanha eleitoral desenvolvida pelos muitos candidatos, activistas e militantes”, assim como criticam o “papel de silenciamento e de deturpação” da acção do PEV e da “grandiosidade e riqueza das campanhas eleitorais da CDU”.

Os ecologistas afirmam-se também muito preocupados com o “crescimento alarmante da vertente populista de candidaturas e campanhas eleitorais e a sua valorização pelos media, assim como com o crescimento de uma clara extrema-direita”. A explicação para este cenário, acrescentam, é uma crescente “desestabilização social” e um "descontentamento generalizado das pessoas face a um grande defraudamento de expectativas e que se reflectiu também no elevado valor da abstenção”.

Para esta legislatura, os Verdes definiram como áreas de intervenção prioritárias o combate às alterações climáticas (através do investimento na mobilidade, em especial na ferrovia), a defesa da biodiversidade (combatendo as culturas intensivas e super-intensivas como o eucalipto e o olival), a revitalização e desenvolvimento do interior do país, e a redução do uso de plásticos (como os descartáveis).

Sugerir correcção
Comentar