“O mal-estar da Universidade”, publicado a 5 de Outubro de 2019

Direito de resposta do director da Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto a um artigo de opinião publicado a 5 de Outubro.

Escrevo-lhe, invocando o direito de resposta e consequentemente de esclarecimento dos leitores, a propósito de um artigo de opinião, publicado na edição de sábado, 5 de Outubro – “O mal-estar da universidade” –, de Pedro Levi Bismarck, investigador integrado (não doutorado) do Centro de Estudos de Arquitectura e Urbanismo da Universidade do Porto (CEAU-FAUP).

Faço-o porque o autor confunde a sua situação pessoal, relativamente à FAUP, com a situação global da universidade, a qual, é sabido, sofre de um crónico subfinanciamento há vários anos sucessivos, com inevitáveis consequências na qualidade do ensino e investigação, apesar de todos os esforços desenvolvidos, mais recentemente, para reverter a situação. Refiro-me concretamente, entre outras medidas, ao programa de estímulo ao emprego científico, que tem permitido alterar a situação de precariedade de bolseiros de pós-doutoramento, inserindo-os na carreira de investigação, bem como ao progressivo crescimento na atribuição de bolsas de doutoramento, quer a título individual, quer a programas doutorais.

A situação particular do nosso investigador, contrariamente ao que afirma, não configura qualquer situação de precariedade. Trata-se de um estudante de doutoramento, cujos trabalhos se iniciaram no ano lectivo de 2009/2010, que auferiu de uma bolsa de doutoramento da Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT) durante quatro anos, e que, entretanto, interrompeu os seus estudos. Ainda assim, foi na condição de estudante de doutoramento e de investigador, com gabinete atribuído no Centro de Estudos da FAUP, que lhe foi dada a oportunidade, naturalmente devida ao seu mérito, de desempenhar funções docentes alinhadas com os seus interesses de investigação.

Esta situação de convergência da actividade de investigação com o exercício da docência, com tempo lectivo limitado (recorde-se que, actualmente, um bolseiro de doutoramento que pretenda exercer a docência, não pode exceder uma média de três horas semanais de aulas por semestre), constitui uma situação recomendável, com mútuo benefício para o investigador e para a instituição, comportando óbvias vantagens no enriquecimento curricular do investigador e desenvolvimento do seu doutoramento, bem como na melhoria das condições de ensino-aprendizagem da unidade curricular.

Aparte as menções específicas à sua situação contratual com a FAUP, que carecem de rigor informativo, não se pretende ignorar a pertinência de algumas das observações tecidas no artigo sobre o quadro geral do ensino e investigação na sociedade portuguesa, que se reflecte, também, com prejuízos, no campo disciplinar da arquitectura.

João Pedro Xavier, director da FAUP – Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto

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