Ellen DeGeneres sob fogo cruzado por ser amiga dos Bush

Ellen DeGeneres e George W. Bush assistiram lado a lado a um jogo da liga de futebol americano. Uma estranha amizade ou a prova de que os amigos não se medem em cores políticas?

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Ellen DeGeneres e Portia de Rossi estão casadas desde 2008 Danny Moloshok/Reuters

A imagem de Ellen Degeneres ao lado de George W. Bush, durante um jogo da NFL, o campeonato nacional de futebol americano, chocou fãs da apresentadora liberal e activista pelos direitos da comunidade LGBTI. A própria respondeu: “Só porque não concordo com alguém em tudo, isso não significa que não possa ser sua amiga.”

Ellen DeGeneres e a sua mulher, Portia de Rossi, estiveram, no domingo, entre a assistência de um jogo da NFL, o campeonato nacional de futebol americano. Tudo normal, não fosse o casal que as acompanhava: nada menos que George W. Bush e Laura Bush, o par republicano que ocupou a Casa Branca entre 2001 e 2009. Uma cena aparentemente simpática, captada num relance pelas televisões, que desencadeou uma polémica em torno dos direitos civis, da guerra, da tortura e do “diz-me com quem andas...”.

No Twitter, não tardaram a chover críticas: “George Bush disse que apoiaria uma emenda à Constituição para proibir o casamento entre pessoas do mesmo sexo, mas aqui estamos nós”, lê-se num tweet de um crítico desta cumplicidade entre a apresentadora e o antigo Presidente.

Ellen DeGeneres aproveitou, entretanto, o tempo de antena no seu programa matinal The Ellen DeGeneres Show, cuja audiência diária anda à volta dos três milhões, para contextualizar o encontro com o antigo governante. Contou que ela e Portia foram convidadas para ver o jogo pela Charlotte Jones, filha do dono do Cowboys (uma das equipas em campo) e ficaram num camarote, onde estavam “pessoas mesmo chiques”, como os Bush. Mas, diz a apresentadora, “as pessoas ficaram zangadas” e “fizeram o que as pessoas zangadas fazem: foram para o Twitter”. Afinal, questiona a própria, “por que razão uma apresentadora liberal se sentaria ao lado de um Presidente republicano conservador?”

DeGeneres vai mais longe e afirma que é efectivamente amiga do ex-Presidente, criticando a polarização que a América vive actualmente. Até porque, como explica, apesar de ser contra o uso de peles no vestuário, não vai deixar de ser amiga de pessoas que usam peles. Até, brinca, é “amiga de pessoas peludas”, defendendo que a bondade com os outros não se limita apenas aos outros que têm os mesmos ideais e recorrendo a um tweet em especial que dizia “Ellen e George [W.] Bush juntos fazem-me voltar a ter fé na América”.

Apesar do discurso muito aplaudido em estúdio, as palavras de Ellen não convenceram toda a gente. Há quem ache que Ellen anda a “dormir com o inimigo", especialmente numa altura em que o Supremo Tribunal começou a ouvir os argumentos sobre um caso que coloca a possibilidade de o facto de se ser LGBTI poder servir de argumento para demissão com justa causa.

Depois, há ainda quem refira que “a defesa da amizade com um criminoso de guerra (…) é um bom exemplo de como as celebridades servem como embaixadoras culturais de nosso brutal sistema capitalista” e também quem sublinha que Ellen “não precisa de amar toda a gente – nem deveria; especialmente torturadores que espezinharam os nossos direitos civis e atiraram os EUA para um estado de guerra perpétua, como George W. Bush o fez”.

A revista Advocate condenou Ellen, mas no Facebook da publicação gay as opiniões dividem-se e muito, havendo quem considere que a arte da bondade que a apresentadora advoga é a melhor das soluções para temas tão fracturantes, indo contra o que se tem assistido no país, sobretudo após as eleições de 2016, em que muita gente defende que a amizade não vence cores políticas.

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