Portugal capta mais investimento hoteleiro do que Espanha no semestre

A actividade nos primeiros seis meses do ano aumentou mais de quatro vezes face aos 111 milhões de euros investidos no mesmo período em 2018.

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Nelson Garrido

O investimento imobiliário em activos hoteleiros em Portugal atingiu um valor recorde de 469 milhões de euros no primeiro semestre de 2019 (o máximo anual até hoje era de 275 milhões em 2008), segundo estudo da consultora imobiliária Cushman & Wakefield (C&W). O mercado nacional ultrapassa assim, pela primeira vez, o mercado espanhol, que no mesmo semestre contabilizou 461 milhões de euros.

O estudo que analisa as tendências da actividade de investimento hoteleiro na Península Ibérica destaca o momento forte que Portugal atravessa na captação de capitais. No ano passado, o país registou um aumento de 51% no volume transaccionado, atingindo o valor de 226 milhões de euros - apesar de ter havido uma redução no número de operações de investimento (que em Portugal passaram de 14 em 2017 para seis em 2018). Ainda assim, o país não chegou aos 3700 milhões de euros transaccionados em Espanha no ano passado, período em que o número de transacções foi de 116, uma redução face às 138 de 2017. ​

Espanha, apesar da supremacia ibérica, tem registado uma desaceleração nos últimos 18 meses – o investimento caiu 18,7% em 2018 e continuou a abrandar em 2019. Em Portugal aconteceu o oposto: a actividade no primeiro semestre deste ano (469 milhões milhões) aumentou quatro vezes face aos 111 milhões de euros investidos nos primeiros seis meses de 2018.

Portugal chega assim ao nível espanhol, algo particularmente relevante tendo em conta que nos últimos dez anos o peso do mercado português no contexto ibérico não ultrapassou os 7% em termos acumulados, de acordo com a consultora - foram 1,2 mil milhões de euros investidos em hotéis em Portugal entre 2009 e 2018, contra 16,8 mil milhões de euros em igual período em Espanha.

Em 2018, o território espanhol recebeu quase 83 milhões de turistas internacionais (que pernoitaram) e Portugal 22,8 milhões. Entre os que mais procuram a região ibérica encontram-se alemães e ingleses.

Em Espanha transaccionaram-se maiores valores de investimento, mas foi em território nacional que, quase sempre, o valor médio por quarto foi mais elevado ao longo dos últimos 10 anos. No primeiro semestre de 2019, o investimento por quarto foi de 355 mil euros, em média, contra os 114 mil euros em Espanha. A consultora justifica este acontecimento com o facto da maioria das transacções hoteleiras em Portugal serem no mercado de luxo, por exemplo com a operação que inclui dois Tivoli e um NH que totalizou 313 milhões de euros em apenas três unidades hoteleiras.

De acordo com Gonçalo Garcia, líder do departamento de Hospitality – Portugal da C&W ,“a Península Ibérica tem observado nos últimos anos uma canalização de investimento significativa, sendo a origem do capital predominantemente estrangeira.”

Porém, como demonstra o estudo, em Portugal a presença internacional ainda não é muito sentida (cerca de 38%). Além do mais, a oferta hoteleira divide-se entre três regiões: Lisboa, Porto e Algarve. Já em Espanha há diversas marcas internacionais e os hotéis começam também a crescer para zonas fora das grandes cidades. O estudo chegou à conclusão que mais de 59% dos investimentos é feito na zona costeira de ambos os países. Das grandes cidades da região, Barcelona entra no top 10 dos mercados europeus nesta área (liderado por Paris), Lisboa ocupa a 12.ª posição e Madrid a 16.ª. 

A C&W antecipa uma maior diversificação do investimento na Península Ibérica, quer seja na sua localização, nos segmentos hoteleiros ou na própria estruturação dos negócios. Adicionalmente, prevêem um volume de 390 milhões de noites compradas até 2021 na região. 

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