Montenegro anuncia esta quarta-feira candidatura à liderança do PSD

Rui Rio está em silêncio, mas está a ouvir pessoas fora do seu núcleo restrito. Pedro Duarte não entra na corrida e dá apoio ao antigo líder parlamentar.

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Pedro Duarte dá o seu apoio ao antigo líder parlamentar do PSD Nuno Ferreira Santos

O ex-deputado do PSD, Luís Montenegro, anuncia esta quarta-feira, à noite, em entrevista à SIC, a sua disponibilidade para disputar eleições directas para a liderança do partido.

O antigo líder da bancada, que em Janeiro desafiou Rui Rio a antecipar eleições directas para a liderança do PSD, “está a ouvir atentamente o partido antes de tomar uma posição” e “está muito concentrado e compenetrado na responsabilidade que tem em mãos”, disse ao PÚBLICO fonte do partido.

O resultado (27%) obtido pelo PSD nas legislativas de domingo, que os adversários da actual direcção consideram “o pior de sempre” foi o rastilho para que as movimentações internas no partido acelerassem, com algumas distritais a alinharem-se para uma disputa da liderança. Além de Luís Montenegro, que janta com 600 militantes em Espinho, na sexta-feira, há outras figuras do partido a perfilarem-se, mas também há quem saia de cena. Garantida é a candidatura de Miguel Pinto Luz, vice-presidente da Câmara de Cascais.

Quanto a Rui Rio está a ponderar. A direcção nacional está a pressioná-lo a ficar e, em cenário de eleições directas, a avançar. Fonte próxima do partido disse ao PÚBLICO que Rui Rio já falou com o seu núcleo mais restrito e que está agora a ouvir outras pessoas e que deverá em breve tomar uma posição.

Esta segunda-feira, em entrevista à SIC Notícias, Miguel Morgado, ex-assessor político de Pedro Passos Coelho, disse que o PSD necessita de se refundar e de unir os militantes e apoiantes, após dois anos de uma estratégia errada de Rui Rio. Por outro lado, considerou o “resultado desastroso”, mas recusou dizer se vai a jogo nas directas. “Não vou apresentar uma candidatura aqui, nem nos próximos dias. Mas trata-se de uma derrota inqualificável para o PSD”, declarou o fundador do Movimento 5.7 que visa combater a agenda da esquerda. Apesar de ter considerado o “resultado desastroso”, o deputado que em Janeiro admitiu uma candidatura à liderança do PSD, não pediu a demissão do presidente do partido.

Quem está fora da corrida é Pedro Duarte. Esta terça-feira, o antigo líder da JSD anunciou que não será candidato à presidência do partido e disse que Luís Montenegro “tem condições para congregar” apoios para um novo projecto político no partido.

Pedro Duarte que, em Agosto de 2018, foi o primeiro a dizer que a liderança de Rui Rio tinha de ser posta imediatamente em causa, entende que o partido deve manifestar “apreço e emprenho” pelo actual líder, cuja demissão não pediu, mas considerou que o PSD precisa de “novos protagonistas”. Em declarações aos jornalistas à margem de um pequeno-almoço, em Lisboa, organizado pela Câmara de Comércio Americana em Portugal, disse: “Estou e estarei empenhado em ajudar o meu país por via de uma grande renovação dentro do PSD e estou disponível para apoiar e poder participar nesse processo de mudança, mas isso não passa por qualquer ambição ou projecto pessoal da minha parte. Neste cenário, não coloco a hipótese de me candidatar à liderança do PSD”.

No meio de um vendaval de críticas, Ângelo Correia foi uma voz isolada a sair em defesa de Rio. O antigo ministro da Administração Interna disse ao Observador que o resultado obtido pelo PSD permite que Rui Rio se mantenha de pé. O coordenador da área da Defesa Nacional do Conselho Estratégico Nacional do PSD aconselha o presidente do partido a não perder tempo em assumir que quer continuar no cargo. “Deve dizer esta semana, e rapidamente, que é o líder e quer continuar a sê-lo. Não é na próxima semana, tem de ser já nesta. E tem de concorrer já em Janeiro. Se o fizer terá o meu voto”, acrescentou Ângelo Correia, apelando ao líder para não se demitir.

Cavaco Silva mostrou-se esta terça-feira “entristecido” com o resultado do partido nas eleições de domingo e disse que “é urgente mobilizar os militantes que se afastaram e que foram afastados”, como a ex-ministra Maria Luís Albuquerque. Estas declarações foram recebidas com alguma surpresa no partido. Fontes sociais-democratas vêem nelas o prenúncio de uma eventual candidatura da ala passista à liderança social-democrata. Maria Luís Albuquerque foi afastada pela direcção nacional do PSD “por vontade do presidente” do partido da lista de deputados por Setúbal às eleições legislativas. O outro nome que Rui Rio vetou foi o de Hugo Soares, que também organiza um jantar na sexta-feira com militantes do distrito de Braga.

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