Cinema

E se juntasses todos os frames de um filme numa só imagem?

“Alice no País das Maravilhas”, Walt Disney, 1951 ©Jason Shulman
Fotogaleria
“Alice no País das Maravilhas”, Walt Disney, 1951 ©Jason Shulman

São fotografias de filmes. Isso mesmo. O artista Jason Shulman fotografou filmes inteiros, com recurso à técnica de longa-exposição, e o resultado é um conjunto (impressionante) de imagens impressionistas, Photographs of Films.

Num filme de 90 minutos, por exemplo, Shulman condensa cerca de 130 mil frames numa só imagem. E cada frame de cada obra cinematográfica que fotografou está contido nessa única imagem. "Podias baralhar todos os frames de cada filme, como se de um baralho de cartas se tratasse: a imagem final seria sempre a mesma a que eu cheguei", explica ao The Guardian.

As imagens, que são como pinturas abstractas marcadas por borrões de cor pouco definidos, funcionam quase como um resumo de cada clássico do cinema. As obras de Fellini, Kubrik, Hitchcock, Lynch, Spielberg, Scorsese, Walt Disney, entre outros, são reduzidas à sua essência, revelando-se assim "o seu código genético", refere o fotógrafo e escultor sediado em Londres. Os tons que predominam em cada obra permitem determinar a natureza emocional da mesma. O resumo pictórico de Alice no País das Maravilhas difere grandemente de Rocky e, através da análise das cores, podemos deduzir o ambiente e a carga emocional implícita em cada obra.

"Podes aprender algo acerca do estilo de cada realizador através deste tipo de 'tradução'", explicou ao jornal britânico. "Por exemplo, aprendes que nos filmes de Hitchcock o foco está nas pessoas, que Kubrik se centra na composição geométrica de cada plano." A técnica aplicada por Shulman não funciona bem em todos os filmes. Tentou registar todos os filmes de James Cameron, mas o resultado foi apenas um borrão cinza, sem formas visíveis. Isto "porque os cortes de cada filme são muito rápidos, a câmara está em constante movimento", explica. "O resultado depende inteiramente do estilo de cada realizador."

“Blue Velvet”, David Lynch, 1986
“Blue Velvet”, David Lynch, 1986 ©Jason Shulman
“Caligula”, Tinto Brass, 1978
“Caligula”, Tinto Brass, 1978 ©Jason Shulman
“Encontros Imediatos do Terceiro Grau”, Steven Spielberg, 1977
“Encontros Imediatos do Terceiro Grau”, Steven Spielberg, 1977 ©Jason Shulman
“Alien”, Ridley Scott, 1979
“Alien”, Ridley Scott, 1979 ©Jason Shulman
“Laranja Mecânica”, Stanley Kubrik, 1971
“Laranja Mecânica”, Stanley Kubrik, 1971 ©Jason Shulman
“Garganta Funda,” Gerard Damiano, 1972
“Garganta Funda,” Gerard Damiano, 1972 ©Jason Shulman
“La Dolce Vita”, Federico Fellini, 1960
“La Dolce Vita”, Federico Fellini, 1960 ©Jason Shulman
“Dr. Strangelove”, Stanley Kubrik, 1964
“Dr. Strangelove”, Stanley Kubrik, 1964 ©Jason Shulman
“A Vida é Bela”, Roberto Benigni, 1999
“A Vida é Bela”, Roberto Benigni, 1999 ©Jason Shulman
“Rocky”, John G. Avildsen, 1976
“Rocky”, John G. Avildsen, 1976 ©Jason Shulman
“Janela Indiscreta”, Alfred Hitchcock, 1954
“Janela Indiscreta”, Alfred Hitchcock, 1954 ©Jason Shulman
“Taxi Driver”, Martin Scorsese, 1976
“Taxi Driver”, Martin Scorsese, 1976 ©Jason Shulman
“O Exorcista”, William Friedkin, 1973
“O Exorcista”, William Friedkin, 1973 ©Jason Shulman
“Silêncio dos Inocentes”, Jonathan Demme, 1991
“Silêncio dos Inocentes”, Jonathan Demme, 1991 ©Jason Shulman
“The Shinning”, Stanley Kubrik, 1980
“The Shinning”, Stanley Kubrik, 1980 ©Jason Shulman
“Trainspotting”, Danny Boyle, 1996
“Trainspotting”, Danny Boyle, 1996 ©Jason Shulman
“Le Voyage dans la Lune”, Georges Méliès, 1902
“Le Voyage dans la Lune”, Georges Méliès, 1902 ©Jason Shulman
“The Wizard of Oz”, Victor Fleming, 1939
“The Wizard of Oz”, Victor Fleming, 1939 ©Jason Shulman
“120 Dias de Sodoma”, Pier Paolo Pasolini, 1975
“120 Dias de Sodoma”, Pier Paolo Pasolini, 1975 ©Jason Shulman
“Yellow Submarine”, George Dunning, 1970
“Yellow Submarine”, George Dunning, 1970 ©Jason Shulman
“2001: Odisseia no Espaço”, Stanley Kubrik, 1968
“2001: Odisseia no Espaço”, Stanley Kubrik, 1968 ©Jason Shulman
“8 ½”, Federico Fellini, 1963
“8 ½”, Federico Fellini, 1963 ©Jason Shulman