Cinema
E se juntasses todos os frames de um filme numa só imagem?
São fotografias de filmes. Isso mesmo. O artista Jason Shulman fotografou filmes inteiros, com recurso à técnica de longa-exposição, e o resultado é um conjunto (impressionante) de imagens impressionistas, Photographs of Films.
Num filme de 90 minutos, por exemplo, Shulman condensa cerca de 130 mil frames numa só imagem. E cada frame de cada obra cinematográfica que fotografou está contido nessa única imagem. "Podias baralhar todos os frames de cada filme, como se de um baralho de cartas se tratasse: a imagem final seria sempre a mesma a que eu cheguei", explica ao The Guardian.
As imagens, que são como pinturas abstractas marcadas por borrões de cor pouco definidos, funcionam quase como um resumo de cada clássico do cinema. As obras de Fellini, Kubrik, Hitchcock, Lynch, Spielberg, Scorsese, Walt Disney, entre outros, são reduzidas à sua essência, revelando-se assim "o seu código genético", refere o fotógrafo e escultor sediado em Londres. Os tons que predominam em cada obra permitem determinar a natureza emocional da mesma. O resumo pictórico de Alice no País das Maravilhas difere grandemente de Rocky e, através da análise das cores, podemos deduzir o ambiente e a carga emocional implícita em cada obra.
"Podes aprender algo acerca do estilo de cada realizador através deste tipo de 'tradução'", explicou ao jornal britânico. "Por exemplo, aprendes que nos filmes de Hitchcock o foco está nas pessoas, que Kubrik se centra na composição geométrica de cada plano." A técnica aplicada por Shulman não funciona bem em todos os filmes. Tentou registar todos os filmes de James Cameron, mas o resultado foi apenas um borrão cinza, sem formas visíveis. Isto "porque os cortes de cada filme são muito rápidos, a câmara está em constante movimento", explica. "O resultado depende inteiramente do estilo de cada realizador."