Bairro Social da Pasteleira recebe espectáculo que questiona o nosso impacto no mundo

Com direcção artística de Rodrigo Malvar, King Kong foi desenvolvido com toda a comunidade do Bairro Social da Pasteleira. A criação do Teatro do Frio debruça-se sobre o lado arquitectónico das selvas e das cidades, conjugado com o desejo de aprofundar conhecimentos sobre as relações entre o humano, os mitos e as paisagens.

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Maria Valente

O começo da percepção relativamente à interdependência entre o humano e o território fez com que vários criativos se juntassem para criar o projecto King Kong, servindo-se da botânica do Bairro Social da Pasteleira como base para a sua construção.

Com estreia marcada para dia 12 de Outubro, às 17h, e repetição dia 13 à mesma horaKing Kong é uma criação de 60 minutos do Teatro do Frio e tem como ponto de partida a biodiversidade existente na Pasteleira.

A encenação foi desenvolvida no bairro com a comunidade local durante seis meses – e “por comunidade entendemos tudo o que está no território, não só pessoas”, salientou Rodrigo Malvar, director artístico.

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“Interdependência, humano e mais do que humano”, assim descreve este projecto Rodrigo Malvar, salientando que é um espectáculo que pretende realçar a relação recíproca das pessoas com tudo o que as rodeia, chamando a atenção para as consequências que a nossa acção no planeta tem sobre as restantes espécies.

Com interpretação de Catarina Lacerda e Maria Luís Vilas Boas, o espectáculo passa e o bairro acorda. Acorda – e os moradores do bairro até o podem ver da janela de sua casa – para um mundo em que se vive em várias dimensões, já que irá estar envolvido num cenário audiovisual e dramatúrgico convidativo em que colunas irão reproduzir sons da selva, acompanhados de grandes telas com conteúdo vídeo e de fotografia.

Através de todos estes estímulos, o público é guiado por um percurso, com início e fim no pavilhão da Associação de Moradores do Bairro Social da Pasteleira, e passagem num dos sítios mais icónicos deste lugar: as torres “vermelhas”.

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“Os maiores desafios passaram por articular a ligação sonora e dramatúrgica ao mesmo tempo que se queria criar um espectáculo em que o público pudesse caminhar connosco”, disse Catarina Lacerda ao PÚBLICO. “Também articular a expectativa de alguém que vem ver um espectáculo indoor, e de repente está a ver o espectáculo lá fora”, continuou. Isto porque, a meio do espectáculo, a “cena” muda de lugar, passando a ser interpretada no exterior, onde os espectadores são convidados a acompanhar e absorver todo o meio envolvente e reflectir sobre o seu lugar na paisagem e no mundo.

A origem do nome do espectáculo  King Kong –, que convida o espectador a “estar e observar criticamente o lugar”, reside num momento antes do regresso ao pavilhão, em que a subida à Torre 44 serve de "referência ficcional”.

“No final será providenciada uma conversa entre os criadores do projecto e o público para dar continuidade às questões que o espectáculo aborda porque achamos que é importante abordar estes temas”, salientou o director artístico.

Fazendo parte integrante da quinta edição do programa Cultura em Expansão, que é promovido pela Câmara Municipal do Porto e decorre de Março a Dezembro de 2019, King Kong é um espectáculo para maiores de seis anos e entrada livre mas com lugares limitados.

Texto editado por Ana Fernandes

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