Extrema-direita chega ao Parlamento. Quem é e o que defende André Ventura?

O líder do Chega foi candidato pelo PSD à Câmara Municipal de Loures nas eleições autárquicas de 2017. Ficou como vereador até Outubro de 2018, altura em que renunciou ao mandato e se desfiliou do partido para criar o partido Chega.

Luís Carlos Batalha Freire
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António Cotrim/Lusa
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A academia deu-lhe uma carreira, a televisão deu-lhe palco, e uma entrevista ao jornal i tornou-o num assunto nacional. A extrema-direita chega ao Parlamento pela mão de André Ventura, que passou para os holofotes do país depois de ter acusado a comunidade cigana de viver à custa de subsídios.

Em 2017, o PSD continuou a apoiá-lo na corrida à Câmara Municipal de Loures (ao contrário do CDS que lhe tirou o apoio), perdeu, mas foi eleito vereador. Ainda tentou criar um movimento para destituir Rui Rio da liderança dos sociais-democratas, mas foi derrotado e saiu para criar o seu projecto político.

Depois de várias irregularidades com o processo de regularização como partido - com assinaturas de menores e militares - o Chega conseguiu ver os juízes do palácio Ratton aprovaram a constituição do partido. O Chega virou Basta nas europeias, usando como “barrigas de aluguer” o Partido Pró-Vida e o Partido Popular Monárquico. A coligação não elegeu e Ventura virou costas aos antigos parceiros para seguir com o seu projecto político. 

Ventura foi-se tornando conhecido por ser adepto do Sport Lisboa e Benfica: comentador habitual na CMTV, assina também uma coluna no Correio da Manhã. Por causa do futebol faltou ao debate nas eleições europeias, meteu o lugar à disposição, mas acabou por continuar. Em Junho, sem vozes a destoar, a primeira convenção do Chega resultou numa votação praticamente unânime em torno de André Ventura. Com apenas uma lista apresentada a sufrágio neste domingo, pouco mais de uma centena de delegados deram 94% dos votos favoráveis​ às escolhas do professor e comentador televisivo.

Na altura garantiu que “não haveria alianças nem coligações ao centro” porque, diz, o partido “vale por si próprio”. No Chega conseguiu reunir militantes que vinham essencialmente de partidos da direita tradicional, e que tinham virado para um partido que se afirma “conservador nos costumes, liberal na economia, nacional na identidade e personalista”. Na convenção a lista anunciou ter escolhido um militar da GNR condenado para encabeçar a lista pelo Porto: Hugo Ernano que matou a tiro um jovem de 13 anos durante uma perseguição policial. Os factos remontam a 11 de Agosto de 2008, quando o jovem, que se encontrava numa carrinha com o pai, foi atingido a tiro pelo militar, em fuga após o assalto a uma vacaria, em Santo Antão do Tojal, concelho de Loures.

Nestas eleições conseguiu um lugar em São Bento e que o partido passasse a receber uma subvenção do Estado. 

Eliminar o cargo de primeiro-ministro, castração química de pedófilos, reduzir o número de deputados da Assembleia da República para uma centena, permitir a prisão perpétua, criar uma taxa única de IRS e extinguir o Ministério da Educação são algumas medidas que estão no programa do Chega. Este programa contava com partes do antigo partido de Manuel Monteiro Nova Democracia. O Chega admitiu que o autor era Diogo Pacheco de Amorim, que já antes havia redigido o programa do Nova Democracia.

Texto editado por Pedro Rios

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