CDS regressa aos tempos das maiorias de Cavaco e Cristas sai

A derrota foi ainda maior do que os mais pessimistas adivinhavam. O CDS ficou pouco acima dos 4% dos votos e passou de 18 para 5 cinco deputados. Cristas percebeu rapidamente a hecatombe e anunciou que não se recandidatará à liderança.

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Pedro Fazeres
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Uma derrota estrondosa. O resultado obtido pelo CDS não pode ter outra classificação. O partido conseguiu pouco mais de 4% dos votos, elegeu apenas cinco deputados (tinha 18) e perdeu deputados. Tinha deputados eleitos em dez distritos, agora só elegeu em quatro. Em Lisboa perdeu três e no Porto dois. Cristas percebeu a desgraça muito rapidamente. Anunciou um congresso extraordinário e revelou que não se recandidata.

Foi provavelmente a noite eleitoral mais rápida da história da democracia. Desde o encerramento das urnas, Cristas apenas precisou de uma hora para perceber a desgraça que lhe tinha acontecido a ela e ao partido. Deu os parabéns a António Costa e desejou-lhe “sucesso na condução dos destinos do país”.

“Durante quatro anos o CDS foi uma oposição forte e construtiva a um Governo socialista que estava apoiado pelo BE e pela CDU e também pelo PAN. Muitas vezes sentimos que fomos uma voz isolada no Parlamento. Construímos um projecto alternativo para o país que, claramente não foi escolhido nestas eleições”, afirmou de seguida.

Acompanhada por um largo grupo de dirigentes, a líder do CDS assumiu o resultado do seu partido “com humildade democrática” e avançou com a frase que marcou a noite eleitoral centrista: “Perante este resultado, pedirei a convocação do conselho nacional do CDS, com vista à realização de um congresso antecipado. Da minha parte entendo que dei o meu melhor durante quatro anos, mas em face dos resultados, tomei a decisão de não me recandidatar.”

Acrescentou ainda ter a certeza que o CDS, “partido estruturante da nossa democracia, encontrará forma de construir o seu futuro” e “contribuir para a construção de uma alternativa de centro e direita em Portugal”. Em um minuto e meio estava tudo dito.

Assunção Cristas só não revelou se se mantém como deputada, eleita pelo círculo de Lisboa. Mas pelas suas palavras pode depreender-se que não deverá ficar com o lugar. Às 21h30 deixou a sede do partido. “Agora deixe-me descansar”, foram as suas únicas palavras.

Acabou por acontecer o que muitos no CDS temiam e as sondagens anunciavam. O partido obteve um dos piores resultados de sempre, regressando a números de que só há memória nos tempos das maiorias absolutas do PSD com Cavaco Silva na liderança: em 1987 obteve 4,4% dos votos (4 deputados) e em 1991 4,43% (5 deputados). Relativamente às legislativas de 2015, quando concorreram em coligação com o PSD, o CDS perde 13 deputados, já olhando para as legislativas da 2011, a última vez que concorreu sozinho, perde 19 lugares no Parlamento.

O CDS tinha deputados eleitos em dez distritos, agora elegeu apenas em quatro (Lisboa, Porto, Braga e Aveiro). De fora da bancada parlamentar ficam nomes ilustres do partido. Pedro Morais Soares, secretário-geral do partido, e Isabel Galriça Neto, em Lisboa; Filipe Anacoreta Correia, em Viana do Castelo; Hélder Amaral, em Viseu; o vice-presidente e até agora líder da bancada parlamentar, Nuno Magalhães, em Setúbal; João Rebelo, o coordenador autárquico, em Faro. E nem em Leiria, distrito que nas últimas legislativas elegeu Assunção Cristas, o CDS conseguiu levar para o Parlamento Raquel Abecasis.

Agora resta saber quem irá disputar a liderança. Para já, apenas Abel Matos Santos, da tendência do CDS Esperança e Movimento, disse que o fará.

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