As pessoas e a obra para lá dos prémios

Os 25 anos da Fundação BIAL vão ser assinalados com uma exposição itinerante que dará a conhecer o seu papel no incentivo à investigação científica e médica, dentro e fora das fronteiras nacionais.

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Os 25 anos da Fundação BIAL vão ser assinalados com uma exposição itinerante que dará a conhecer o seu papel no incentivo à investigação científica e médica D.R.

A própria actividade exercida. Este é o principal marco da Fundação BIAL em 25 anos de existência, nas palavras do seu presidente, Luís Portela. A actividade a que se refere é a promoção do conhecimento científico e a sua importância é atestada pelos números, a começar pelos do Prémio BIAL de Medicina Clínica, que, nas 18 edições decorridas desde 1984, já distinguiu 102 obras, de 276 autores, entre os quais “dos melhores profissionais de saúde portugueses e estrangeiros de grande qualidade”. O novo prémio – BIAL Award in Biomedicine, lançado este ano – promete seguir este trilho de sucesso: “Está a correr muito bem e acredito que vai gerar uma dinâmica semelhante, mas no contexto internacional”, comenta.

A este balanço de relevância, Luís Portela soma o sistema de Apoios Financeiros a Projectos de Investigação Científica, no domínio da Psicofisiologia e Parapsicologia: 692 apoios, que contribuíram para impulsionar o trabalho de cerca de 1500 investigadores de 25 países. 
Neste percurso, não esquece as pessoas que suportam esta actividade. Sublinha mesmo que “o mais interessante de tudo” são os mais de 50 membros do conselho científico que não recebem um euro, o mesmo acontecendo com os jurados dos prémios, “académicos nacionais e internacionais de grande gabarito”, e com a comissão organizadora do Simpósio “Aquém e Além do Cérebro”. “A qualidade do que se tem construído, numa postura de entrega e de dádiva, é o fruto natural do trabalho desenvolvido e mérito de todas estas pessoas”, enfatiza.

E, porque tempo de balanço é, também, tempo de perspectivar o futuro, Luís Portela adianta que a primeira preocupação é “dar solidez à Fundação”, na sua parceria com a empresa homónima, que assegura o financiamento, e com o CRUP – Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas, que assegura a gestão técnico-científica. Manter, e se possível, fortalecer as actividades desenvolvidas, bem como dar sequência aos prémios e criar condições para que os Apoios possam ir acompanhando as necessidades dos investigadores, mas “com realismo”, estão, igualmente, no horizonte.

Na mesma linha de pensamento, o presidente do Conselho de Reitores, António Fontaínhas Fernandes, fala de dedicação, enaltecendo a Fundação BIAL como “um bom exemplo da interacção entre as universidades e as empresas, o qual se tem traduzido em novas dinâmicas de difusão e de notoriedade do conhecimento, a nível nacional e internacional”. O CRUP “tem tido um papel empenhado” no apoio à sua missão, “envolvendo a distinção de ilustres figuras da Ciência ao nível internacional e a dinamização de novos projectos nas Universidades”. Não tem dúvidas de que a “crescente ligação” do CRUP à Fundação se “deve à postura” de Luís Portela, “cujo percurso e universalismo do pensamento muito tem contribuído para o desenvolvimento da Ciência em Portugal”.

O bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães, comunga da mesma visão, entendendo que a Fundação se afirmou, “por mérito próprio, como uma das mais reputadas e bem-sucedidas iniciativas de apoio à investigação científica e médica”, em Portugal e na Europa: “O seu contributo é inestimável, não apenas através da atribuição de prémios e apoios directos a projectos científicos, como na criação de um ecossistema favorável à investigação, que repercute na melhoria da prática clínica, da inovação terapêutica e dos cuidados de saúde prestados à população”.

Neste contexto, faz um balanço “extremamente positivo” da parceria com a Fundação, considerando que “representa uma grande oportunidade para o desenvolvimento do conhecimento e da investigação clínica junto da comunidade médica portuguesa, bem como um vínculo de prestígio e responsabilidade social que muito valoriza” a Ordem. O reconhecimento da relevância desse “magnífico trabalho” esteve, aliás, na origem da atribuição da medalha de mérito a Luís Portela.

Luís Portela, presidente da Fundação BIAL D.R.
António Fontainhas Fernandes, presidente do Conselho de Reitores D.R.
Miguel Guimarães, bastonário da Ordem dos Médicos D.R.
Economista Daniel Bessa, curador da exposição alusiva aos 25 anos da Fundação BIAL D.R.
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Luís Portela, presidente da Fundação BIAL D.R.

Mas será um trabalho (re)conhecido pela sociedade? A pergunta merece do economista Daniel Bessa, Administrador da Fundação e curador da exposição alusiva a este quarto de século, a resposta de que a Fundação tem tido um perfil de comunicação muito baixo. “É bem conhecida das comunidades científicas nas áreas que apoia mais intensamente, mas, fora destas duas comunidades, é muito pouco conhecida”, afirma. Daí que, ao celebrar 25 anos de vida, e “com resultados de que não se envergonha”, tenha entendido ser chegado o momento de se dar a conhecer a públicos mais amplos. E fá-lo com uma exposição, em cinco blocos: o primeiro valoriza a história da Fundação, os seus fundadores, os seus primeiros passos, as pessoas que mais contribuíram para que tenha chegado ao ponto a que chegou; os três seguintes dão conta dos resultados atingidos nas suas três grandes áreas de intervenção (Prémio BIAL de Medicina Clínica, a que acresce, hoje, o BIAL Award in Biomedicine; Apoios à Investigação Científica; Simpósio “Aquém e Além do Cérebro”). O quinto e último conta a história da relação com cada uma das instituições (faculdades/escolas do sistema de ensino superior português) que acolhem a exposição.

Daniel Bessa deixa a nota de que as fundações portuguesas, são, em geral, pouco conhecidas, sobretudo no que respeita ao lado mais meritório do seu trabalho. E advoga que têm, por isso, “o dever de se darem a conhecer melhor, para que possam ser mais respeitadas e melhor apreciadas pela opinião pública em geral”.