Cartas ao director
Freitas do Amaral
Morreu Diogo Freitas do Amaral, um dos fundadores do Partido do Centro Democrático e Social (CDS). O dramaturgo e romancista foi uma “reserva moral” pós-25 de Abril. Do centro político democrata-cristão fez uma aproximação ao socialismo democrático do PS. Julgo que todos os democratas estão de luto com a partida de um homem honesto. O antigo ministro dos Negócios Estrangeiros esteve na primeira maioria absoluta da 3.ª República (1979), com a formação da Aliança Democrática. Corajoso, o CDS foi o único partido que votou contra a aprovação da Constituição de 1976. Não resisto a recordar uma das suas frases emblemáticas: “A resposta é muito simples.”
Ademar Costa, Póvoa de Varzim
Tancos
Aconteceu Tancos no meio de uma encenação que derrubou um ministro da Defesa. Foi criada uma Comissão Parlamentar de Inquérito que nada esclareceu. A PGR, apesar de avisada da intenção do assalto, nada fez. A Polícia Judiciária Militar fez a encenação para ter medalhas de mérito. O Juiz Ivo Rosa achou que a denúncia não servia para tomar as devidas precauções. Os paióis não tinham vedações em condições; os militares não tinham forças para as rondas. Não terá sido o assalto aos paióis apenas uma peça de teatro? Agora querem fazer outra comissão de inquérito, para quê? Será para entreter os deputados com coisas inúteis?
Mário Pires Miguel, Reboleira
Legislativas
Uma vez terminada a campanha para as legislativas, alguns temas decisivos para o nosso viver próximo ficaram por debater. Refiro-me, entre outros, ao impacto da organização do trabalho na vida familiar, à desertificação e despovoamento do interior, à dívida pública, ao domínio estrangeiro sobre sectores estratégicos, às relações com a comunidade lusófona. Mas, mesmo assim, estou convicto, amanhã não hesitaremos em votar democracia para que os políticos compreendam o quão importante é a sua valorização em vez de argumentações e procedimentos que a desvirtuam. E, em última instância, se surgirem dúvidas o povo saberá clarificar as prioridades para Portugal.
Manuel Vargas, Aljustrel
Greta Thunberg
Não tenho dúvidas da capacidade intelectual do cronista do PÚBLICO João Miguel Tavares (JMT). Produz juízos de valor, critica, emite opinião clarividente e incomoda governantes e políticos proeminentes desmontando as suas contradições e os seus inábeis procedimentos. Relativamente à sua crónica de 26 de Setembro, devo afirmar que fiquei algo perplexo quando, referindo-se a Greta Thunberg, sentenciou: “está a repetir um discurso extremista que já ouvimos muitas vezes ao longo da História.” Poder-se-á questionar a forma melodramática como Greta se dirigiu aos líderes mundiais na Cimeira do Clima, mas o conteúdo das suas palavras nada tem a ver “com as palavras impressas, sem tirar nem pôr no manual de um qualquer grupúsculo de extrema-esquerda [e porque não de extrema-direita JMT?] - dos anos 70 que procurava impor as suas ideias à bomba”… Nada disso JMT! Admito que possa estar a ser “usada”, como JMT dá a entender, mas estamos perante um problema de ecologia, de ecossistemas, de sustentabilidade do planeta. Pense que o problema é sério e com a sua análise não se vai a lado nenhum.
António Cândido Miguéis, Vila Real