Pólo da Faculdade de Ciências de Lisboa evacuado devido a acidente com substância perigosa

Reacção foi provocada por cloreto de titânio, que se “encontrava num recipiente estanque”. Não há feridos a registar.

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rita chantre

Um dos pólos da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, no Campo Grande, foi, na manhã desta sexta-feira, evacuado devido a um acidente com uma substância perigosa, confirmou o PÚBLICO junto do Regimento de Bombeiros Sapadores de Lisboa. A situação está, neste momento, controlada.

Num primeiro momento, os bombeiros falaram de um “derrame” de uma substância perigosa, mas, mais tarde, veio a saber-se que se tratou de uma libertação de ácido clorídrico, provocada pelo contacto com o ar de cloreto de titânio que se “encontrava num recipiente estanque”. Uma das salas, onde estavam entre 25 a 30 pessoas, foi evacuada e foi criado um perímetro de segurança. O alerta foi dado pelas 12h.

O investigador João Medeiros, do MARE – Centro de Ciências do Mar e do Ambiente da Universidade de Lisboa, contou à RTP3 que um dos doutorandos estava a manusear uma solução com cloreto de titânio quando foi detectado um cheiro estranho. A Faculdade de Ciências esclareceu, mais tarde, que o doutorando “realizava numa hotte (equipamento de protecção colectiva adequado à actividade) uma experiência com cloreto de titânio (IV), tóxico por inalação”.

“Da reacção desse agente químico com água resultou a libertação de uma pequena quantidade de vapores ácidos”, continua o comunicado

O cloreto de titânio é um reagente que “não é muito usual”, reconhece João Medeiros, e estava a ser testado para ser usado numa máquina nova daquele centro de investigação. “Um dos produtos da reacção é o ácido clorídrico”, continua João Medeiros. “O que sentimos no ar foi o cheiro dessa reacção.”

Esta substância “é muito volátil e facilmente é inalada”. O resultado é “a irritação das fossas nasais”. Apesar de estarem a ser cumpridos todos os procedimentos de segurança e de estarem a ser sugados todos os vapores, como confirmou João Medeiros “notou-se que no laboratório havia um certo ambiente” que irritava as fossas nasais.

De acordo com a Faculdade, foi accionado, “de imediato”, o plano de emergência interno, “evacuado o edifício e dado o alerta para os meios externos de socorro”.

O cloreto de titânio é altamente corrosivo e considerado perigoso. Reage à água e ao oxigénio, libertando gases, e pode causar queimaduras severas e danos oculares, assim como irritação respiratória se for inalado.

De acordo com a PSP, também chamada ao local, “não há vitimas a registar, nem perigo”. A Faculdade acrescenta que também não há danos materiais a registar.

Fonte dos Sapadores Bombeiros disse à Lusa, pelas 13h50, que a “situação já está resolvida”, avançando que “foi retirada a substância do local”. “Os bombeiros estão a criar estabilidade no ambiente para ser possível os funcionários voltarem ao trabalho”, acrescentou.

A RTP3 avança que o edifício do MARE reabriu às 16h e que o resto da Faculdade de Ciências se mantém a funcionar como o normal.

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