O elogio do normal e do pouco espectacular, segundo S. Pedro

No seu segundo álbum enquanto S. Pedro, Pedro Pode descomplica as canções e vai atrás de uma recusa da espectacularização da pop. É apenas Mais Um disco de belos temas que não quer ser mais do que isso.

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Andreia Teixeira

Houve uma altura, já passada e enterrada, em que Pedro Pode forçava a verdade nas suas canções. Não cantava propriamente falsidades, não tornava a honestidade um conceito relativo nem lhe pedia qualidades elásticas ou ambíguas, mas aplicava-se a criar uma verdade que não existiria sem a sua acção consciente. “Algumas namoradas do passado e os amigos mais próximos sofriam um bocadinho com isso porque era estúpido ao ponto de achar que tinha de procurar problemas para ter matéria para escrever”, confessa o músico ao Ípsilon. Não é um exclusivo seu, como é evidente. Não faltam exemplos na história da literatura e da música de autores que se tenham atirado para situações mais ou menos extremas e tortuosas que, depois, alimentassem e validassem a sua arte. Impunham-se lugares de sofrimento e atormentadas para poderem revivê-los depois. E é impossível não ser seduzido por essa aura romântica que paira sobre a criação arrancada a ferros ao sofrimento.

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