Freitas do Amaral. Velório nos Jerónimos e funeral em Cascais

O funeral do fundador do CDS-PP ocorre neste sábado, no cemitério da Guia, em Cascais. Presidente da República cancela viagem ao Vaticano e comemorações do 5 de Outubro podem ser canceladas.

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LUSA/ANTÓNIO COTRIM

O corpo do fundador do CDS-PP e antigo ministro Diogo Freitas do Amaral, que morreu nesta quinta-feira, vai para o Mosteiro dos Jerónimos, na sexta-feira à tarde, e o funeral decorrerá sábado no cemitério da Guia, Cascais, disse à Lusa fonte familiar.

Segundo a fonte da família, o corpo do antigo ministro dos Negócios Estrangeiros, que morreu aos 78 anos, irá para o Mosteiro dos Jerónimos, em Lisboa, na sexta-feira à tarde, estando também prevista uma missa para as 19 horas.

O funeral do fundador do CDS-PP realiza-se no sábado, para o cemitério da Guia, em Cascais, segundo avançou à Lusa o mesmo familiar de Diogo Freitas do Amaral. A missa de corpo presente realiza-se às 12 horas e o funeral está previsto para as 13 horas, apurou o PÚBLICO.

Freitas do Amaral estava internado no Hospital da CUF, em Cascais, para realizar exames clínicos, segundo tinha informado a família.

Para estar presente nas cerimónias fúnebres, o Presidente da República cancelou a visita ao Vaticano, onde ia assistir à elevação de Tolentino de Mendonça a cardeal. Mesmo as comemorações oficiais da implantação da República, que já estavam reduzidas ao içar da bandeira nacional na Câmara Municipal de Lisboa por ser dia de reflexão, deverão ser canceladas devido ao luto nacional já decretado pelo governo.

Freitas do Amaral teve uma longa e intensa vida política, com cerca de cinco décadas de intervenção pública: foi fundador e primeiro presidente do CDS, fez parte de governos da Aliança Democrática, entre 1979 e 1983, e foi primeiro-ministro interino após a morte de Sá Carneiro. Foi também candidato nas históricas presidenciais de 1986, contra Mário Soares, e, já neste século, foi ministro dos Negócios Estrangeiro num governo PS (2005-2006) como independente, após ter saído do CDS em 1992.

Nascido em 21 de Julho de 1941, na Póvoa de Varzim, Diogo Freitas do Amaral passou a infância entre Guimarães (de onde era natural o pai) e a Póvoa de Varzim (a terra da mãe), mas os primeiros anos foram muito marcados pela morte dos dois irmãos mais velhos, ainda crianças. Queria ser engenheiro, mas sem jeito para Matemática, deixou-se convencer por dois tios que estudaram Direito e lhe “falavam das suas aulas com os professores Marcello Caetano e Galvão Teles”, contou em entrevista à Sábado em 2017. Acabou por se formar em Direito da Universidade de Lisboa. Obteve o grau de Doutor em Direito (Direito Público) em 1967 e ensinou na faculdade até 1998. 

Na apresentação do seu terceiro livro de memórias políticas, intitulado Mais 35 anos de democracia - um percurso singular, em Junho passado (ed. Bertrand), Freitas revelou que o que mais o marcou na vida foi a sua “militância democrata-cristã”, “com a preocupação de ajudar os outros”. Na ocasião, o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa descreveu-o como “um dos quatro pais líderes dos partidos estruturantes da democracia portuguesa”, juntamente com Mário Soares, Francisco Sá Carneiro e Álvaro Cunhal.

Freitas do Amaral disse em entrevista à agência Lusa quando já se encontrava doente, em Junho de 2019, que sofreu “um bocado” com a derrota nas presidenciais de 1986, embora tenha conseguido dar a volta, com “uma carreira de um tipo diferente” e partir para “uma série de pequenas vitórias”.

Casado com Maria José Salgado Sarmento de Matos, conhecida pelo público em geral pelo nome de Maria Roma, como romancista, tiveram quatro filhos. Eram casados há 54 anos.

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