Sporting e FC Porto com tarefas europeias opostas

Os “leões” enfrentam a equipa teoricamente mais acessível do grupo D, enquanto os “dragões” têm pela frente um adversário que, no papel, é o principal entrave aos portistas no grupo G.

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Sérgio Conceição reencontra Jaap Stam, antigo colega de equipa. LUSA/MANUEL FERNANDO ARAUJO
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Silas fará o primeiro jogo europeu pelo Sporting. LUSA/OCTAVIO PASSOS

Há quem defenda que o essencial, em fases de grupos, é garantir vitórias com os adversários mais acessíveis, mas também há quem diga, por outro lado, que o mais decisivo é ser forte nos duelos com os adversários directos. Nesta quinta-feira, na Liga Europa, Sporting e FC Porto serão ambos testados nestas teorias.

Os “leões” enfrentam o LASK Linz, equipa austríaca que é, no papel, a equipa mais acessível do grupo D. Em Alvalade, a equipa treinada por Silas recebe (20h, Sporttv1) um LASK que bateu o Rosenborg na primeira jornada e que tem um perfil que pode dar problemas sérios ao Sporting.

É que a equipa que vem do norte da Áustria usa e abusa do jogo aéreo – é das equipas em prova que mais apostou nas bolas longas no primeiro jogo – e, sobretudo, fá-lo com qualidade: em 48 equipas, foi a segunda com mais duelos aéreos ganhos na primeira jornada e marcou ao Rosenborg precisamente num lance de bola parada. Tudo isto ganha particular significado se considerarmos que o Sporting esteve entre as dez equipas mais vulneráveis pelo ar, um cenário que é semelhante mesmo na Liga portuguesa.

Soam, portanto, os “alarmes aéreos” para a equipa de Silas, ainda que o Sporting não deva esperar particular apetência ofensiva do LASK. Apesar do poder aéreo, é uma equipa pouco concretizadora e que, na Liga austríaca, apesar do segundo lugar, tem apenas 16 golos marcados, contra os 40 do RB Salzburgo, e é a equipa menos concretizadora da primeira metade da tabela. Dados que atestam, sobremaneira, um estilo de jogo bem definido, mas um poder ofensivo algo limitado para levar a Alvalade.

Emanuel Ferro, treinador-adjunto de Silas, acredita que nada disto mudará na postura do LASK. “Acreditamos que as equipas são mais competitivas quando são fiéis à sua forma de jogar. Neste momento, o LASK está a ter sucesso. Teve sucesso na primeira jornada [da Liga Europa] e no campeonato da Áustria, acreditamos que vão ser fiéis à sua forma de jogar”, disse, nesta quarta-feira, na antevisão da partida, na qual substituiu Silas, impedido de falar em provas da UEFA, por falta de qualificações técnicas.

O técnico, que tem Battaglia, Jovane e Fernando em treino condicionado, recusou, ainda, uma possível priorização do campeonato em detrimento da Liga Europa, mesmo tendo pela frente um jogo teoricamente acessível. “Queremos ser competitivos em todas as competições. O plantel é capaz, tem muita qualidade e, numa fase tão precoce da época, seria um erro dar prioridade a uma competição ou outra”, disparou.

Depois da derrota frente ao PSV, algo que não seja um triunfo frente ao LASK, em casa, pode ser considerado perigoso para o futuro dos “leões” na prova.

FC Porto em ciclo oposto

Por outro lado, o FC Porto terá pela frente (17h55, SIC) o adversário teoricamente mais forte no grupo G, o Feyenoord. E não apenas na valia do adversário está a antítese relativamente ao jogo do Sporting.

Entre holandeses e portugueses, o jogo aéreo também poderá ser decisivo, mas de forma oposta: o FC Porto, tradicionalmente forte nesta matéria, enfrenta um Feyenoord particularmente frágil pelo ar. E não será, certamente, por falta de trabalho do treinador Jaap Stam, que foi um central temível nas jogadas aéreas.

O técnico, ex-colega de equipa de Sérgio Conceição na Lazio, espera um FC Porto à imagem de um treinador que, como atleta, já era temperamental. “O Sérgio Conceição continua a ser o mesmo que era como jogador: gosta de futebol de ataque, ele que era médio ofensivo, e também mantém o seu temperamento, que creio que é algo característico dos portugueses. Isso reflecte-se na atitude da equipa”, disse, na antevisão do jogo, admitindo esperar uma equipa portista em busca de golos e com o “fardo” do favoritismo não apenas neste jogo, mas na competição. Já Sérgio Conceição, treinador do FC Porto, acatou o elogio, mas considerou que a equipa portuguesa “tem de o provar [estatuto de favorito] em campo e tem de correr”.

A primeira jornada da Liga Europa acabou por ditar uma derrota do Feyenoord frente ao Rangers, como bom exemplo de um início de temporada difícil, com apenas seis vitórias em 13 jogos e já sete pontos de atraso para o Ajax na Liga holandesa. O técnico portista garantiu, ainda assim, que o mau campeonato interno não significa um mau Feyenoord europeu. “Ao analisar a equipa, vi comportamentos diferentes entre os jogos no campeonato e o jogo com o Rangers, na Liga Europa”, desvalorizou.

O relvado do De Kuip, em Feyenoord, não verá um FC Porto na máxima força, já que Romário Baró e Sérgio Oliveira continuam lesionados e Corona, apesar de ter viajado com a equipa, está em dúvida para o jogo.

No lado contrário, o português Edgar Ié faz parte da equipa holandesa – deverá ser titular –, num jogo no qual o FC Porto, em caso de vitória, pode ficar, desde já, com seis pontos de vantagem para o adversário teoricamente mais forte no grupo.

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