Benfica na Rússia sob pressão e com o estigma da Champions

Os “encarnados” defrontam hoje em São Petersburgo o Zenit. Na antevisão da partida, Bruno Lage disse que não se quer “desviar do ADN” benfiquista: Ser “uma equipa mandona” e “jogar sempre para ganhar”

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Reuters/ANTON VAGANOV

O argumento não é novo. Pela quarta época consecutiva o Benfica não venceu no Estádio da Luz na primeira noite da fase de grupos da Liga dos Campeões e, à segunda jornada, já está sob pressão. Com um currículo paupérrimo na competição sob a liderança de Rui Vitória (13 derrotas em 18 jogos), o estigma benfiquista na Champions manteve-se na estreia de Bruno Lage na prova e, após o desaire em Lisboa há duas semanas, frente ao RB Leipzig, os “encarnados” defrontam hoje, em São Petersburgo, o Zenit com a obrigatoriedade de pontuarem. Sem jornada da I Liga no fim-de-semana, o técnico benfiquista não deverá repetir a estratégia do primeiro jogo, em que deixou de fora alguns dos habituais titulares.

O ADN benfiquista, garantiu em São Petersburgo Bruno Lage, é de uma “equipa mandona em todos os jogos”, que entra em campo “sempre para ganhar”, mas a história recente dos “encarnados” na Liga dos Campeões tem exposto um ácido desoxirribonucleico diferente. Com um empate (Besiktas) e três derrotas (CSKA Moscovo, Bayern Munique e RB Leipzig) no Estádio da Luz na estreia nas últimas quatro edições da Liga dos Campeões, o Benfica continua a mostrar pouca aptidão europeia, mas o técnico benfiquista garante que o rumo pode ser invertido: “Estamos a preparar o futuro, mas temos no plantel garantias para, no presente, dar uma resposta na Europa.”

E para conseguir dar essa resposta e manter o Benfica na luta por um lugar nos oitavos-de-final da Champions, Lage deverá apresentar de início um “onze” sem poupanças. Contra o RB Leipzig, o técnico setubalense abdicou de André Almeida (continuará de fora, mas desta vez por lesão), Rafa e Seferovic, mas, perdida a margem de erro, frente ao campeão russo é improvável qualquer tipo de gestão. Assim, em relação ao “onze” escolhido por Lage no passado fim-de-semana frente ao V. Setúbal, as únicas novidades deverão ser as entradas do jovem Tomás Tavares — já foi titular contra o RB Leipzig — no lugar de André Almeida e de Gabriel em vez de Gedson Fernandes.

Para além do habitual capitão, o Benfica terá na Rússia mais três baixas por lesão (Conti, Florentino e Chiquinho), mas Bruno Lage assegura ter tudo “sob controlo”: “Temos consciência do trabalho que estamos a fazer. É importante perceber porque algumas lesões surgem. Temos tudo sob controlo, mas é sempre de lamentar qualquer lesão. Claro que com mais jogadores disponíveis, mais soluções nós teremos para ser mais fortes.”

Com menos indisponíveis (o antigo extremo do Barcelona Malcom é o único lesionado) e uma boa estreia na competição (empate a um golo em Lyon), o Zenit foi derrotado na última jornada do campeonato russo, em Moscovo, pelo Lokomotiv, de João Mário e Éder. Segundo Lage, o rival do Benfica é “uma equipa que tenta e gosta de jogar, com muita largura a partir dos laterais”, mas que também aposta “no jogo directo no seu ponta-de-lança”.

Na prática, isto significa um Zenit que se deve apresentar em 4x4x2, com o internacional russo Dzyuba (1,96m) a ser a referência na área, sempre apoiado de perto pelo argentino Sebastián Driussi e pelo talentoso internacional iraniano Sardar Azmoun.

Sem esquecer a “longa história do Benfica”, Sergei Semak, técnico do Zenit, disse na antevisão da partida que os seus jogadores aguardam “com ansiedade este jogo há algum tempo” e descreveu os benfiquistas como uma equipa que “não é apenas de posse”. “Tentam contra-atacar com velocidade usando os flancos. Será um jogo difícil, mas estamos prontos”, concluiu o antigo internacional russo, que admitiu que tentou contratar Grimaldo: “Era um jogador muito caro”.

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