Cristas cola PSD ao PS em rijo arraial no Alto Minho. Até as vacas participaram

A líder do CDS também abordou, ainda que indirectamente, o comunicado da PGR sobre o caso Tancos, pedindo que se investigue com “autonomia e independência”.

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Armando Belo/Lusa
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Assunção Cristas colou nesta terça-feira, ainda que indirectamente, o PSD ao PS. A líder do centrista tem repetido, pelos distritos por onde tem passado, que os eleitores ou “elegem um deputado do CDS, ou elegem um deputado das esquerdas radicais ou do PS”. Nesta terça-feira, numa altura em que os sociais-democratas estão a subir nas sondagens, juntou-lhe um novo inimigo. “Ou elegem um deputado do CDS, ou elegem um deputado do PS ou do PSD”, afirmou num jantar-comício em Ponte de Lima, distrito de Viana do Castelo

A presidente centrista gastou parte do seu curto discurso com fortes apelos ao voto no CDS, mas, mais uma vez não deixou o caso Tancos de fora. E mais uma vez de forma indirecta referiu-se ao comunicado que a Procuradoria-Geral da República emitira horas antes, em que afirmou que pretendeu ouvir António Costa e Marcelo Rebelo de Sousa na investigação que realizou. E que só não o fez porque o director do DCIAP achou que não valia a pena.

“Nós sabemos muito bem o que é da justiça e o que é da política e, por isso mesmo, não ouvirão nenhum comentário em relação a decisões dentro dos processos judiciais. Quem tem de investigar judicialmente, investigue com autonomia e independência”, referiu.

Mas disse para não lhe pedirem “para ficar calada”, quando pergunta ao primeiro-ministro “se mantém a frase que disse sobre a lealdade do seu ministro da Defesa ou sobre a informação que teve, qual pediu e qual lhe foi dada”. “É isso que eu quero saber, e não nos peçam para ficarmos calados.”

E, claro, não faltaram apelos ao voto no CDS: "Não basta votar em nós, tragam mais um ou dois, precisamos de todos os votos. (…) A minha força está nas vossas mãos, está na força que derem a esta lista. Se tivermos os vossos votos, podemos falar mais alto, na governação e na oposição.”

O cabeça de lista pelo distrito de Viana do Castelo, o deputado Filipe Anacoreta Correia, também tinha uma “bicada” para dar o secretário geral do PS: “Agora até suspendeu a sua participação eleitoral [para eventual ir aos Açores], sendo mais rápido que, a quando dos incêndios, quando não interrompeu as suas férias”. E mostrou-se animado com a eleição do CDS. “Isto está a virar (…) até ao virar dos cestos é vindima”, afirmou.

Até as vacas apareceram

No jantar em Ponte de Lima, cuja câmara é liderada pelo CDS, foi montado um autêntico arraial minhoto. A ementa foram três enormes rolos de pá de porco assada na brasa, com variado vinho local. Pouco tempo depois de a presidente chegar ao recinto, deram entrada dois grupos de cantares, as respectivas rusgas de concertina e cantadeiras e a gritaria subiu de tom com o cantar ao desafio.

Mas o momento alto foi quando chegou um carro repleto de milho, puxado por duas enormes vacas engalanadas e de longos chifres, que quase atropelaram alguns participantes. “O Costa, no domingo, vai ficar com uns cornos deste tamanho”, comentava um militante mais animado.

Cristas, acompanhada por Filipe Anacoreta Correia, dançou o vira, cantou e riu sem parar, enquanto distribuía beijos e abraços. Estava visivelmente feliz, talvez animada pela sondagem do PÚBLICO que lhe dava uma ligeira subida, em relação a outros estudos de opinião. A centrista, porém, como sempre faz, não comentou a sondagem. “A minha sondagem é a rua e aí estou a ganhar força”, afirmou.

Mas a festa não se ficou por aqui. Virado o carro (o vira milho) e espalhadas as canas pelo chão, a líder do CDS dedicou-se a desfolhar o milho, acompanhada por duas animadas minhotas que, em alguns momentos, gritaram quadras brejeiras. O arraial, que durou mais de uma hora, foi rijo e Assunção Cristas teve uma noite em cheio no Alto Minho.

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