Advogado de Trump intimado a entregar documentos na investigação para o impeachment

Partido Democrata emitiu as primeiras convocatórias já para as próximas semanas. O advogado do Presidente norte-americano, bem como um empresário e um investidor imobiliário, que os comités acreditam estarem ligados ao caso, foram chamados a entregar documentação para a investigação.

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Rudolph Giuliani EPA/MICHAEL REYNOLDS

O Partido Democrata, maioritário na Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, está a acelerar a investigação sobre os contactos entre o Presidente e responsáveis ucranianos, que poderá conduzir a um processo de impeachment e eventual destituição de Donald Trump. O primeiro membro da Administração intimado a depor foi o secretário de Estado, Mike Pompeo, e a primeira vítima do escândalo político e diplomático que está a abalar a Casa Branca foi Kurt Volke, que deixou de ser enviado especial norte-americano para a Ucrânia.

Esta segunda-feira, os Democratas emitiram uma intimação para que até 15 de Outubro o advogado de Donald Trump, Rudolph Giuliani​, entregue documentos relacionados com os esforços de Trump para pressionar o presidente ucraniano, Volodymry Zelenskiy, a investigar Joe Biden, um dos principais candidatos para concorrer contra Trump nas eleições de em 2020.​ O Comité de Inteligência da Câmara, liderado pelos democratas, emitiu a intimação de acordo com o parecer de outros dois painéis da Câmara. Em comunicado, o comité afirma que Giuliani reconheceu durante um programa de televisão que pediu ao governo da Ucrânia que usasse o ex-vice-presidente Joe Biden “como alvo”.

A investigação pretende “avaliar até que ponto o Presidente Trump comprometeu a segurança nacional ao pressionar a Ucrânia a interferir na nossa eleição de 2020 e ao reter assistência fornecida pelo Congresso para ajudar a Ucrânia a responder à agressão russa”, segundo os democratas. Para a combater, a campanha para a reeleição de Trump anunciou ter investido dez milhões de dólares para começar a difundir na televisão e na Internet um novo anúncio, intitulado “Corrupção de Biden”, que acusa o Partido Democrata de estar a fazer campanha política com a investigação para o impeachment.

Os Democratas têm tentado acelerar o processo desde a passada terça-feira, altura em que a líder democrata da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, Nancy Pelosi, anunciou a abertura formal da investigação para um processo de impeachment contra o Presidente Donald Trump, acusando-o de ter quebrado o juramento que fez ao tomar posse e pôr em perigo a segurança nacional ao tentar forçar outro país, a Ucrânia, a investigar o rival Joe Biden nas eleições de 2020 para obter ganhos políticos.

“A nossa pesquisa inclui uma investigação de alegações credíveis de que [Rudy Giuliani] agiu como agente do Presidente num esquema para promover os seus interesses políticos pessoais, abusando do poder do Gabinete do Presidente”, escrevem os Presidentes dos Comités numa carta endereçada a Giuliani, onde dizem que o advogado afirmou ter evidências (mensagens de texto ou chamadas telefónicas) que provam que outros funcionários do Governo Trump podem estar também envolvidos no mesmo esquema.

Na declaração conjunta, o presidente do Comité de Informação da Câmara dos Representantes, Adam Schiff e mais dois presidentes de comités da Câmara dos Representantes, Eliot Engel, dos Negócios Estrangeiros, e Elijah Cummings, da Supervisão, avançam que também foram enviadas cartas de intimação a três associados de Giuliani, entre eles o empresário Lev Parnas e o investidor imobiliário Igor Fruman, que ajudou a introduzir Giuliani nos principais círculos políticos da Ucrânia. Também Semyon "Sam" Kislin, um imigrante ucraniano que mantém laços comerciais com Trump, foi intimado.

A deposição de Parnas no Congresso foi marcada para 10 de Outubro, a de Fruman para dia 11 de Outubro e a de Kislin para dia 14 de Outubro. Incitado pela agência Reuters a comentar, Giuliani não respondeu ao pedido. Na mesma carta, os presidentes dos comités mencionaram que os visados têm até dia 1 de Outubro para fazer saber se pretendem cumprir com os pedidos de entrega de documentação para a investigação e se vão comparecer no depoimento.

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