Mais do que um jogo, o Sporting ganhou tempo para trabalhar

Silas estreou-se com uma vitória arrancada a ferros no comando técnico dos “leões”. Diante de um Desp. Aves que esbraceja no último lugar, os lisboetas foram mais pacientes do que esclarecidos.

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LUSA/OCTAVIO PASSOS

O terceiro Sporting da temporada entrou a ganhar. Não foi uma exibição convincente, longe disso, mas o triunfo em casa do Desp. Aves (0-1) cumpriu o propósito de garantir alguma tranquilidade à equipa num período em que o campeonato vai parar e que Silas deverá aproveitar para trabalhar a ideia de jogo que preconiza. Um golo, de grande penalidade, bastou para os “leões” reclamarem o quinto lugar da tabela e para os avenses, à 7.ª jornada, continuarem afundados na última posição da Liga.

Foi novamente com uma linha de cinco defesas (com dois centrais improvisados, Mato Milos e Falcão) que o Desp. Aves se apresentou em campo, mostrando-se preparado para minimizar o risco provocado pelas combinações do Sporting em zonas interiores. É verdade que não havia ainda termo de comparação que fosse útil a Augusto Inácio, ou não tivessem os “leões” acabado de mudar de treinador, mas o passado recente de Silas (e a ausência de extremos que nesta altura sejam mais-valias em Alvalade) levava a crer numa aposta em construir, essencialmente, pelo corredor central. E foi o que aconteceu.

Disposto em 4x3x3, com Eduardo a servir de pivot mais defensivo no triângulo invertido e Doumbia mais junto a Bruno Fernandes, o Sporting fez quase sempre de Bolasie e Luciano Vietto dois trunfos que partiam de fora para dentro, tentando gerar linhas de passe em zonas centrais. Jesé Rodríguez, longe da forma que o notabilizou, era a referência mais fixa no ataque, mesmo que procurasse algumas vezes baixar para combinar e arrastar marcações.

Mesmo instalado no meio-campo do Desp. Aves, o Sporting circulou com pouca velocidade e não mostrou mais do que previsibilidade em organização ofensiva. Um remate de Bolasie em zona central (18’) e dois disparos de meia distância de Eduardo (25’ e 42’), o primeiro dos quais à trave, foram o cartão-de-visita dos “leões” num primeiro tempo em que os avenses procuraram saltar linhas com passes de média/longa distância à procura das costas do quarteto defensivo adversário. Acontece que nem Wellinton Jr., nem Mohammadi tiveram bola suficiente para ameaçarem Renan (um cruzamento do brasileiro para a pequena área aos 36’ foi o lance mais vistoso).

O Desp. Aves surgiu mais afoito no segundo tempo e criou duplo perigo logo no reatamento: Welinton rematou com a bola a ser desviada, e no canto que se seguiu Mohammadi esteve muito perto do 1-0. Tal como estaria, na área contrária, o congolês Bolasie aos 55’, quando transformou um potencial remate à meia-volta num acto falhado.

Silas foi então mexendo nas peças sem afectar a estrutura, mas só Acuña foi capaz de agitar um pouco as águas frente a um Jaílson já muito desgastado. Foi, de resto, pelo corredor esquerdo que nasceu o lance que terminaria com Bolasie a tentar dominar a bola na área e a ser atropelado pelo guarda-redes. Grande penalidade, golo de Bruno Fernandes, o suspeito do costume.

Era a altura de Augusto Inácio arriscar e o técnico bem tentou, lançando Ruben Macedo (que ficaria limitado por uma lesão) e os avançados Peu e Bruno Xavier. A defesa passava a uma linha de quatro e o Desp. Aves tentava por todos os meios chegar à área lisboeta. Ruben Oliveira ainda assinou um remate que passou a centímetros do poste, mas os avenses já não evitaram a sexta derrota em sete partidas.

No próximo sábado, há novo jogo para os nortenhos. O Sporting, por outro lado, tem quase um mês para encaixar no molde de Silas.

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