Mais de metade das árvores endémicas da Europa estão ameaçadas de extinção

Primeira Lista Vermelha de Árvores Europeias da IUCN classificou 454 espécies de árvores nativas da região da Europa.

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Castanheiro-da-índia da espécie Aesculus hippocastanum, que foi classificado como "vulnerável" e existe um pouco por toda a Europa Pixabay

Pela primeira vez, a União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) lança uma Lista Vermelha de Árvores Europeias e alerta: 58% das espécies de árvores endémicas da Europa estão ameaçadas de extinção. De acordo com o documento divulgado esta semana, os grandes responsáveis são a introdução de espécies invasoras, o desenvolvimento urbano e a desflorestação. 

Ao todo, avaliou-se o estatuto de conservação de 454 espécies de árvores europeias nativas (portanto, originárias da Europa). Dentro desse grupo, 265 espécies de árvores eram endémicas (ou seja, não existem em mais nenhum lugar do planeta). Mais de 150 especialistas de toda a Europa – incluindo de Portugal – contribuíram para este projecto.

Concluiu-se então que 168 espécies (quase 40%) das árvores analisadas estão ameaçadas na Europa: têm o estatuto de “criticamente em perigo”, “em perigo” ou “vulnerável”. 

Percebeu-se ainda que 155 (58%) das árvores europeias ameaçadas eram endémicas – 66 delas foram classificadas como “criticamente em perigo”, 58 “em perigo” e 31 “vulnerável”. Na lista, refere-se que há “informações insuficientes” para 57 das espécies estudadas (36 delas endémicas). 

De acordo com um comunicado da IUCN, as árvores do género Sorbus – como a Sorbus aucuparia maderensis do arquipélago da Madeira, que está “criticamente em perigo” – são particularmente afectadas: cerca de três quartos das 170 espécies de Sorbus estão ameaçadas de extinção.

Os principais perigos detectados nesta lista são a perda e destruição das áreas florestais na Europa, a agricultura, a introdução de espécies invasoras e as alterações climáticas. Por exemplo, o castanheiro-da-índia (Aesculus hippocastanum) que se espalha um pouco por toda a Europa – e foi introduzido em Portugal – está classificado como “vulnerável”. Uma das suas grandes ameaças tem sido o insecto invasor da espécie Cameraria ohridella, que ataca as suas folhas e impede o seu desenvolvimento.

“É alarmante”

“O mais preocupante é que a proporção de espécies de árvores consideradas ameaçadas na Europa são o terceiro grupo de organismos mais ameaçados comparado com outros grupos [em que já se estudaram os seus estatutos]”, assinala ao PÚBLICO Catarina Ferreira, coordenadora de Conservação da Biodiversidade Europeia da IUCN e umas das gestoras do projecto desta lista vermelha europeia. O primeiro grupo mais ameaçado é o dos moluscos de água doce e o segundo é o das plantas incluídas nas directivas europeias.

Já Craig Hilton-Taylor, responsável pela Unidade de Listas Vermelhas da IUCN, alerta no comunicado: “É alarmante que cerca de metade das espécies de árvores endémicas da Europa estejam ameaçadas de extinção. As árvores são essenciais para a vida na Terra e as árvores europeias, com toda a sua diversidade, são fonte de comida e abrigo para inúmeras espécies de animais, como de aves e esquilos, além de terem um papel económico.”

Para minimizar este problema, os especialistas recomendam várias acções, como a garantia de que todas as espécies de árvores são adequadamente representadas nas áreas protegidas. Catarina Ferreira refere ainda que se deve fazer “muita sensibilização e comunicação destes resultados aos sectores relevantes, como o florestal”. Também se sugerem medidas como a actualização desta lista vermelha, pelo menos, de dez em dez anos ou a execução de estratégias a nível nacional para proteger as espécies ameaçadas e os seus habitats. 

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