“Não estou satisfeito”, confessa Alberto João Jardim

Em declarações à RTP, líder histórico do PSD-Madeira assume que a perda da maioria absoluta é o preço dos dois primeiros anos desastrosos de governo de Miguel Albuquerque.

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Alberto João Jardim e Rui Rio deram uma ajuda nas últimas semanas HOMEM DE GOUVEIA

No rescaldo da noite eleitoral na Madeira, o ex-presidente do Governo da região Alberto João Jardim afirmou que a perda da maioria absoluta do PSD é o resultado dos dois primeiros anos “desastrosos” da governação de Miguel Albuquerque e manifestou-se insatisfeito com o resultado. “Não estou satisfeito. Ainda tentei deitar a mão. O PSD paga, neste momento, o preço dos dois primeiros anos desastrosos de governo que fez aqui na Madeira”, afirmou Alberto João Jardim, em declarações à RTP.

O PSD venceu no domingo as eleições legislativas regionais da Madeira, com 39,42% dos votos, mas perdeu, pela primeira vez, a maioria absoluta, elegendo 21 dos 47 deputados, segundo dados oficiais da Secretaria-Geral do Ministério da Administração Interna.

Afirmando que “não se pode pedir a cabeça de ninguém”, o social-democrata - que liderou o executivo regional durante quase quatro décadas com maioria absoluta - defendeu que o partido precisa de ir para “um estaleiro” e “fazer uns consertos”, já que, no seu entender, “são necessárias imensas e importantes mudanças internas”.

“Têm de ser feitas e contra quem for teimoso”, afirmou, sem especificar, assumindo que o futuro, pelo menos “nos próximos quatro anos”, passa por uma coligação.

João Jardim, presidente honorário do PSD/Madeira, manifestou-se “contente” por o PSD ter conseguido ser o partido vencedor e ter ficado em condições de poder formar um governo de coligação, lembrando, no entanto, que tinha deixado o partido com maioria absoluta na região, em 2015.

“Claro que não foi ainda desta que as forças que desde 2012, em Lisboa, se movimentam para destruir o PSD/Madeira conseguiram a sua avante”, congratulou-se, acrescentando: “Não se pode trazer este PS para a área do poder. Seria destruir a autonomia e todas as conquistas sociais que se fizeram na Madeira”.

Questionado sobre as declarações do cabeça de lista do PS, Paulo Cafôfo, que se manifestou “disponível para liderar uma base de entendimento” com os partidos da oposição, para formar governo na região autónoma, Alberto João Jardim afirmou que o CDS teria de mandar construir um “jazigo” caso decidisse aliar-se com os socialistas.

“O CDS-PP, se fosse juntar-se ao PS [agora], nas próximas eleições já nem elegia um deputado”, disse, elogiando depois o líder do CDS-PP/Madeira, Rui Barreto. “Tem bom senso. Só se perder o juízo de hoje para amanhã. Nem se ia misturar com aquela gente”, reforçou.

Se PSD (21 mandatos) e CDS-PP (três) se coligarem alcançam um total de 24 deputados, número necessário para uma maioria absoluta na Assembleia Legislativa da Madeira, composta por 47 parlamentares. O PS elegeu 19 deputados, o JPP três e a CDU um. Mais nenhum partido conseguiu eleger deputados.

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