Líder do PCP acusa PS de querer maioria absoluta para se livrar de “empecilhos”

Jerónimo de Sousa disse que os “avanços” alcançados na actual legislatura “têm a marca dos partidos” que compõem a CDU: o PCP e o PEV.

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LUSA/MIGUEL A. LOPES

O secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, acusou neste sábado o PS de querer alcançar a maioria absoluta nas legislativas para se livrar de “empecilhos” e ficar com “as mãos livres” para fazer “a política que bem entender”.

“Temos que nos interrogar o que é que leva alguns dirigentes do PS a afirmar que isto com uma maioria absoluta é que iria para a frente e conseguíamos [socialistas] concretizar os objectivos mais depressa ou então um responsável da bancada do PS na Assembleia da República a afirmar que temos de nos livrar dos empecilhos, não dizendo quais são”, disse Jerónimo de Sousa, num comício da CDU em Beja.

Os socialistas “querem que as coisas voltem ao sítio, por isso estes desabafos deste dirigente socialista, daquele deputado, em que falam nos tais empecilhos”, continuou, frisando: “Curiosamente, quando dialogávamos nunca nos disseram isto, antes pelo contrário, aplaudiam o esforço, o empenhamento do PCP”.

No entanto, “agora vêm com esta conversa e, por isso, precisam de maioria absoluta”, mas “não tenhamos ilusões, se eles [socialistas] ficarem com uma maioria absoluta, ficam com as mãos livres para fazerem a política que bem entenderem”, alertou.

No comício em Beja, tal como na sua intervenção num almoço hoje na vila de Aljustrel, Jerónimo de Sousa disse que os “avanços” alcançados na actual legislatura “têm a marca dos partidos” que compõem a CDU: o PCP e o Partido Ecologista “Os Verdes”.

Na actual legislatura, “o PS não mudou de política, de concepção, foram as circunstâncias que mudaram, foi o facto de na Assembleia da República existir uma nova correlação de forças”, frisou.

Entre os avanços, que “não estavam nos programas do PS e do Governo PS” e foram alcançados “com um PS contrariado”, Jerónimo de Sousa destacou o aumento extraordinário das pensões e reformas e a gratuitidade dos manuais escolares até ao 12.º ano.

“Sabemos que é insuficiente, que é limitado, temos essa consciência”, mas “valorizamos muito o que se conseguiu”, apesar de haver “quem ache que são trocos, que não vale nada”, disse, referindo que “só quem vive muito bem e tem a barriga cheia é que não entende a importância para as famílias, os trabalhadores e o povo destes avanços que foram alcançados”.

Jerónimo de Sousa disse que o PCP tem “claramente uma opção: continuar a senda de avanços e de consolidação daquilo que foi conquistado, com propostas concretas”, como creche gratuita com responsabilidade do Estado para crianças até aos três anos e a valorização dos salários, que é “uma questão de emergência nacional”. Por isso, “o reforço da CDU” em votos e deputados eleitos na Assembleia da República “é uma questão fundamental”, sublinhou. 

No almoço em Aljustrel, Jerónimo de Sousa já tinha pedido o “reforço” da CDU, “num quadro em que mais uma vez se ouvem as aves agoirentas a falar do fim do PCP, da CDU”. “Desiludam-se e aprendam o seguinte: uma causa nunca morre enquanto existir quem a defenda”, disse.

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