EUA enviam mais tropas para a Arábia Saudita, mas por enquanto a resposta ao Irão é “defensiva”

“Este é o nosso primeiro passo”, disse o secretário da Defesa norte-americano, na sequência do ataque com drones e mísseis contra dois campos petrolíferos sauditas, que Washington e Riad dizem ter sido lançado pelo Irão.

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EUA e Arábia Saudita dizem que o ataque foi lançado pelo Irão Reuters/Hamad I Mohammed

Os Estados Unidos vão reforçar o seu contingente militar na Arábia Saudita com mais algumas centenas de soldados, num primeiro sinal de resposta ao ataque com drones e mísseis contra dois campos petrolíferos sauditas no sábado passado. Mas o secretário da Defesa norte-americano, Mark Esper, salientou que a movimentação é “de natureza defensiva”, indicando que ainda não há vontade em Washington para uma ofensiva militar contra o Irão.

Numa conferência de imprensa, na noite de sexta-feira, Esper e o chefe das forças armadas dos EUA, o general Joseph Dunford, fizeram questão de salientar que o envio de tropas norte-americanas faz parte de um plano mais abrangente, que inclui também um pedido aos aliados para reforçarem o apoio à defesa das infra-estruturas da Arábia Saudita.

“Este é o nosso primeiro passo”, disse o secretário da Defesa norte-americano, contornando as perguntas sobre se a Casa Branca admite atacar alvos no Irão – o país que, segundo os EUA e a Arábia Saudita, é responsável pelo ataque de sábado passado.

Também na sexta-feira, o Presidente norte-americano, Donald Trump, disse que está a ser pressionado pelos seus conselheiros nos dois sentidos.

“Atacar o Irão seria uma decisão fácil. A maioria das pessoas achava que eu ia ordenar um ataque em dois segundos. Mas temos muito tempo pela frente”, disse Trump.

“Acho que estou a demonstrar uma grande contenção. Muitas pessoas respeitam isso, outras não. Algumas pessoas dizem que eu devia atacar imediatamente, e outras estão contentes com o que eu estou a fazer.”

O ataque causou danos significativos a dois dos maiores campos petrolíferos da Arábia Saudita e foi inicialmente reivindicado pelos rebeldes houthis do Iémen, aliados do Irão, que combatem contra o Governo reconhecido internacionalmente, apoiado por Riad.

Mas tanto os EUA como a Arábia Saudita foram rápidos a afirmar que os responsáveis pelo ataque foram os iranianos. Riad diz que os destroços dos drones provam que são do Irão e que a direcção em que caíram indica que foram lançados do território iraniano, a partir do Norte, e não do Iémen, a Sul.

Depois de se ter afastado do acordo internacional sobre o programa nuclear iraniano, em Maio de 2018, o Presidente Trump aplicou uma política de “máxima pressão”, com a imposição de pesadas sanções à economia do Irão. Ainda esta semana, na sequência do ataque na Arábia Saudita, a Casa Branca anunciou novas sanções, contra o fundo soberano e contra o banco central do Irão.

Sem sinais de que essa estratégia esteja a levar o Irão a ceder, o Presidente Trump também não parece disposto a partir para uma solução militar. Por duas razões: por um lado, é arriscado envolver os EUA numa nova guerra a pouco mais de um ano das eleições presidenciais, o que poderia afastar os apoiantes que o elegeram em 2016 por causa da sua posição contra intervenções militares norte-americana no estrangeiro; por outro lado, o governo da Arábia Saudita tem perdido apoio nos EUA, tanto no Partido Democrata como no Partido Republicano, por causa do seu envolvimento na guerra civil no Iémen e na morte do jornalista Jamal Khashoggi, em Outubro de 2018.

Na sexta-feira, o senador republicano Rand Paul, uma das vozes mais críticas das intervenções norte-americanas no estrangeiro, elogiou o Presidente Trump por não estar inclinado a atacar o Irão. Um dia antes, tinha deixado um recado a Riad: “Se juntarmos o orçamento militar da Arábia Saudita aos dos seus aliados no Golfo, eles gastam oito vezes mais do que o Irão. Acho que são mais do que capazes de retaliar contra o Irão.”

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