O outro lado do regresso às aulas nos EUA: como se sobrevive a um tiroteio?

Um novo vídeo da organização sem fins lucrativos Sandy Hook Promise, divulgado esta semana, mostra um outro lado do regresso às aulas nos EUA: quando as mochilas novas, os auscultadores, as tesouras e outro material escolar por estrear se tornam “ferramentas” de sobrevivência face a um possível tiroteio.

Esta associação anti-violência foi criada pelos pais das vítimas dos tiroteios que ocorreram em 2012 na escola primária de Sandy Hook — acontecimento que matou 20 crianças e sete adultos em Newtown, Connecticut. Com este vídeo, pretende-se tentar evitar estes actos de violência.

Em Back-To-School Essentials ("o material essencial para o regresso às aulas", em tradução livre), os jovens exibem, num primeiro momento, no corredor da escola, o material escolar para o ano lectivo que se avizinha. O tom do vídeo vai-se tornando, contudo, cada vez mais sombrio. Um aluno corre com as suas novas sapatilhas, aparentemente a fugir de um atirador. As pessoas aceleram o passo, fecham as portas das salas de aula e escondem-se debaixo das mesas. Ouvem-se gritos. Uma aluna está ferida numa perna e outra tenta ajudá-la a estancar o sangue. Um rapaz mostra um skate que a mãe lhe oferecera e que usa agora para partir o vidro da janela e poder fugir. No final, uma aluna assustada, escondida na casa de banho, pega no novo telemóvel e manda uma mensagem à mãe a dizer “amo-te”, enquanto se ouvem os passos do presumível atirador.

Mark Barden, co-fundador desta organização, perdeu o filho Daniel no tiroteio de 2012. Em declarações à Time, explica que o vídeo mostra a “terrível e dolorosa realidade que as crianças nos EUA enfrentam quando os tiroteios nas escolas se tornam mais frequentes”. Mas acrescenta: “Quando ensinamos os alunos a conhecer os sinais, podemos evitar tiroteios nas escolas e salvar vidas.”

Num comunicado publicado na página oficial do grupoNicole Hockley, co-fundadora da Sandy Hook Promise e mãe de Dylan, vítima do tiroteio em Sandy Hook, dá conta que, “até agora, já ocorreram mais de 22 tiroteios em escolas”, uma situação que considera inaceitável. “Não podemos aceitar tiroteios em escolas como uma situação normal no nosso país [EUA]. O nosso objectivo é despertar os pais para a terrível realidade que os nossos filhos enfrentam.”

Esta campanha, para além de ser divulgada online e nos meios de comunicação impressos, já está a ser transmitida na rádio, segundo a Adweek. Também não é a primeira vez que a organização divulga vídeos com conteúdos com este impacto. Em 2016, o grupo divulgou um outro PSA – Public Service Announcement ("anúncio de serviço público, em português") que mostrava um tiroteio do ponto de vista do atirador. Evan foi visto mais de 11 milhões de vezes no YouTube.