Sp. Braga venceu, mas demorou a explorar a “mina”

Ricardo Horta desmontou o nulo, fazendo o seu quarto golo na prova, depois dos três marcados ao Spartak no play-off.

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Horta e Dendoncker em acção. Reuters/ANDREW BOYERS

O Sp. Braga da Liga portuguesa está a fazer o pior arranque da “Era António Salvador”, mas o Sp. Braga europeu continua a derrubar adversários teoricamente mais fortes. Depois do Spartak Moscovo, os minhotos venceram o Wolverhampton, nesta quinta-feira, em Inglaterra, fruto de um golo solitário de Ricardo Horta.

Reza a história que, um dia, Jorge Jesus, no Belenenses, atirou uma garrafa de água ao seu lateral Cândido Costa, ao mesmo tempo que gritava “está ali a mina, Cândido!”. A “mina” era o jogador adversário mais limitado, a explorar pelo Belenenses. Nesta quinta-feira, o Sp. Braga precisou que Sá Pinto tivesse um pouco mais de Jorge Jesus e apontasse, mais cedo, qual era a “mina”. A mina era o trio de centrais dos “wolves”, cujas dificuldades técnicas na construção de jogo resultam, semana após semana, em calafrios (no mínimo) para Nuno Espírito Santo.

Apesar das limitações de Coady, Bennett e Boly, sobretudo os dois últimos, o Sp. Braga nunca pareceu empenhado em provocar os erros aos centrais adversários. Pouca pressão e um bloco muito baixo redundaram em 70 minutos tranquilos para os erráticos centrais, mas, mais do que isso, resultaram em 70 minutos de pouco futebol.

A primeira parte teve uns redondos zero remates às balizas, num primeiro tempo morno, no qual as equipas mostraram conhecer-se bem: o Sp. Braga apresentou um bloco baixo, sabendo da predilecção do Wolverhampton pela exploração da profundidade e os “wolves”, por outro lado, nunca permitiram que André Horta estivesse de frente para o jogo, deixando a equipa portuguesa algo “emperrada” na forma de envolver Paulinho e os alas na partida.

O Sp. Braga, como habitualmente, conseguiu chegar perto da área adversária quando explorou os corredores: Galeno correu logo no primeiro minuto (cruzamento que não teve finalização) e repetiu ao minuto 31: deixou Rúben Neves “a pé” e entrou na área, onde acabou por cair. Protestos do brasileiro e fúria de Sá Pinto, mas o jogador parece ter tentado “sacar” a falta. Ter-se-á livrado do amarelo por simulação.

Os “wolves” também pouco incomodaram, apesar de duas boas oportunidades desperdiçadas por Cutrone: aos 22’, rodou sobre Bruno Viana e rematou por cima e, aos 43’, apanhou Pablo distraído e isolou-se antes de um remate ao lado.

A segunda parte teve dez minutos de “wolves” mais enérgicos, sobretudo porque Jiménez, sem espaço para a profundidade, começou a pedir mais em apoio, dando soluções entre linhas perto da área minhota. Houve perigo aos 51’, com remate de Dendoncker para defesa de Matheus, mas o jogo rapidamente voltou à toada calma, com Palhinha (bom jogo) a “secar” as tentativas inglesas.

Aos 69’, Sequeira não teve a mesma sorte de Galeno. Caiu na área e não só não teve direito ao desejado penálti como saiu do lance com cartão amarelo.

Eis que, aos 71’, o Sp. Braga descobriu a “mina”. Galeno, aparentemente adormecido no jogo, pressionou Bennett e recuperou uma bola que lhe permitiu conduzir pelo corredor e servir o “senhor Liga Europa”. Ricardo Horta finalizou ao segundo poste, fazendo o quarto golo na prova, depois dos três marcados ao Spartak no play-off.

Os minutos finais foram de “sufoco” para os bracarenses, com oportunidades de golo para Rúben Neves (90+2’), e Jiménez (90+3’ e 90+7’).

O Sp. Braga resistiu e, apesar de ter demorado a encontrar a “mina”, saiu de Inglaterra com a garantia de que, nesta época, é bom para “consumo europeu”.

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