Privacidade

GeraZão, um site do Facebook para Portugal, quer ensinar jovens e pais a usar redes sociais

O site conta inclui actividades como o Desafio Z, que põe os utilizadores na pele de pessoas que se querem tornar influencers.

Bairro Padre Cruz
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É mais seguro partilhar a localização de um concerto do que da escola, diz o GeraZão daniel Rocha

O Facebook lançou um novo programa educativo online para tentar ajudar os jovens portugueses a utilizar melhor a Internet. Chama-se GeraZão (uma alusão a geração z, que engloba as pessoas nascidas entre meados dos anos 1990 até o início dos anos 2000), e inclui informação, jogos e histórias interactivas sobre como melhor partilhar informação online.

 O site foi desenvolvido em parceria com a Fundácion Cibervoluntarios, uma organização não-governamental espanhola que promove o uso de tecnologia para fomentar a inovação. Em Portugal, conta com o apoio da Direcção-Geral da Educação, do Seguranet, da Fundação para a Ciência e a Tecnologia e do Centro Internet Segura.

Cerca de 38% dos jovens portugueses entre os 14 e os 19 anos admitem já se ter sentido “desconfortável” enquanto navegava na Internet, mas 35% referem que seriam capazes de partilhar a password através das redes sociais ou email – os dados são de um estudo recente, citado pelo Facebook, sobre o comportamento online dos jovens em Portugal que foi publicado em Agosto pela empresa de consultoria Netsonda.

Em comunicado, o Facebook explica que o GeraZão foi concebido para informar jovens, educadores e familiares, em casa ou na escola “sobre temáticas que possam comprometer a segurança e privacidade”.

O Facebook só considera uma opção correcta
A escolha não influencia o final
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O Facebook só considera uma opção correcta

Uma das actividades destacadas, o Escape Room, é apresentada como “uma aventura digital” que se completa ao descobrir “acções positivas” online. Para avançar no jogo, devem-se escolher as respostas que mais protegem a privacidade dos utilizadores segundo os criadores do site: por exemplo, decidir partilhar “publicamente” ou “com todos os amigos” fotografias das férias é considerado errado. A opção certa é “com um grupo personalizado de amigos”. Noutra pergunta, o Facebook considera “partilhar a localização de um concerto” mais seguro do que a morada da escola ou do bairro de um utilizador, e noutra a rede social valoriza obter “mais informações” de perfis de estranhos que entram em contacto antes de os denunciar. Pelo meio, há recomendações como criar palavras-passe com caracteres alfanuméricos, em vez de sequências básicas de números (por exemplo, “1234”).

Outra actividade é o Desafio Z, que põe os utilizadores na pele de pessoas que se querem tornar influencers, aprender mais sobre um tema online, ou encontrar novas amizades. As escolhas dos utilizadores não têm consequências no final da história, sendo apenas uma forma de os levar a pensar sobre temas como o assédio, o amor e a fama na Internet.

“É fundamental para o Facebook que os jovens, pais e educadores portugueses, consigam usar a Internet de forma segura, conscientes dos riscos que existem e ao mesmo tempo, das possibilidades de segurança e privacidade que as redes sociais oferecem”, explicou Natalia Basterrechea, responsável do Facebook Espanha e Portugal na área de políticas públicas.

A interactividade é uma parte integral do site, que usa conteúdos visualmente apelativos para motivar os jovens a experimentar os desafios. Há ainda uma hiperligação para Biblioteca de Literacia Digital do Facebook, com material educativo que pode ser impresso para actividades na escola, e uma lista de sites e páginas relevantes parar gerir as definições de privacidade do Facebook e do Instagram (que o Facebook comprou em 2012).

O novo projecto é uma forma do Facebook mostrar que se preocupa com a privacidade dos utilizadores, numa época em que a rede social tem sido alvo de várias controvérsias sobre a forma como guarda os dados de quem usa os seus serviços, que incluem o WhatsApp e o Instagram. Em 2018, eclodiu o escândalo com a Cambridge Analytica, a consultora britânica que usou dados de 87 milhões de utilizadores, sem autorização, para orquestrar campanhas políticas personalizadas em todo o mundo. Em Março deste ano, porém, também foi confirmado que houve milhões de passwords de acesso a contas de Facebook e Instagram que estiveram acessíveis aos funcionários destas redes sociais. E, em Abril, o Facebook admitiu que descarregou “involuntariamente” contactos das contas de email de 1,5 milhões de novos utilizadores que se tinham juntado à rede social desde Maio de 2016.