Felipe VI promove derradeira ronda de consultas para tentar evitar eleições em Espanha

Rei de Espanha vai perceber se há condições para a investidura de um Governo. PSOE e Podemos continuam longe de um entendimento e o cenário de eleições aparenta ser inevitável.

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Felipe VI, rei de Espanha Jonathan Bachman

Felipe VI inaugura esta segunda-feira, o primeiro de dois dias de consultas aos líderes dos partidos políticos, numa última tentativa de evitar novo cenário de eleições em Espanha. Sem grandes perspectivas de êxito, o rei espanhol vai ouvir os partidos com representação parlamentar e perceber se há condições para agendar nova votação de investidura ou se a situação de impasse que se arrasta desde Abril vai atirar o país para a quarta votação em quatro anos.

Esta segunda-feira passarão pelo palácio real os representantes do Compromís, PNV, PRC, Coligação Canária, Galicia en Común, Esquerda Unida, UPN e Equo. Na terça-feira será a vez de PSOE, PP, Cidadãos, Podemos, Vox, En Comú e Junts – a Esquerda Republicana Catalã e o EH Bildu rejeitaram acudir à chamada do monarca.

O sucesso ou insucesso da dupla jornada dependerá quase exclusivamente da capacidade de Pedro Sánchez, presidente do Governo em funções, e de Pablo Iglesias, líder do Unidas Podemos, ultrapassarem as divergências e chegarem a um acordo de investidura –​ em Julho fracassaram.

Os líderes dos dois partidos mais votados, à esquerda, nas legislativas de Abril, não dão, no entanto, sinais de abdicar das suas reivindicações. Sánchez quer governar sozinho e aposta num acordo programático, ao passo que Iglesias quer ver a representação parlamentar lograda na votação do Podemos correspondida em cargos ministeriais. Todos e quaisquer contactos trocados entre as equipas de negociação, durante as últimas semanas, esbarraram inevitavelmente nas duas barreiras impostas pelos dois líderes.

E enquanto socialistas e podemitas mantêm o braço-de-ferro, à direita também não se vislumbra nenhum movimento que possa dar luz verde a uma investidura socialista. Isto porque tanto os populares, como os liberais, não abrem mão do “cordão sanitário” ao PSOE e rejeitam todo e qualquer apelo de Sánchez para permitir a formação de um governo minoritário.

Para além do cansaço eleitoral antecipado pelos analistas espanhóis, fruto da realização de eleições legislativas, europeias, autonómicas e regionais entre Abril e Maio – e que pode promover a abstenção – as sondagens não dão um resultado muito diferente do último acto eleitoral.

O PSOE lidera todos os inquéritos, mas sem maioria, o Unidas Podemos mantém a percentagem de votos e as flutuações à direita provêm de trocas de apoios entre PP, de Pablo Casado, e Cidadãos, de Albert Rivera. Trocado por miúdos, nenhum dos blocos – à esquerda ou à direita – aparenta ter deputados suficientes para liderar um Governo ou dar início a uma nova legislatura.

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