A Europa de novo no centro do mundo

A Europa não pretende ser mais uma colónia digital dos gigantes americanos e asiáticos, quer ser ela própria a retomar o papel cimeiro que teve no passado, liderar a corrida na inovação, mas agora no campo tecnológico.

É consensual (mas muitas vezes não admitido por alguns políticos com espíritos superficiais) que o investimento é essencial ao desenvolvimento económico de um país. Logo no imediato, o investimento estimula o crescimento económico e no futuro contribui para uma melhoria dos indicadores sociais. Aqueles que apenas se preocupam em reclamar melhores condições de vida para os portugueses sem terem uma visão global do funcionamento das economias fazem-no com a única preocupação de obter protagonismo junto dos menos informados e, com isso, procurar captar votos. Só através do investimento é que as condições de vida melhorarão.

Quem investe quer ter estabilidade e obter retornos, sendo que isso nunca deverá ser criticado. Sem retornos não existe investimento. Portugal deverá continuar a criar todas as condições possíveis para captar investimento quer exterior, quer nacional. Se o investimento criar alto valor acrescentado e for feito por gestores ou empreendedores qualificados e preparados (e não por meros patrões) para enfrentar os concorrentes e as tendências dos mercados, todos ganhamos com isso.

Recentemente, num prestigiado jornal francês, surgiu uma notícia de que as autoridades europeias querem que a nova Comissão presidida por Ursula von der Leyen aprove a criação de um fundo soberano europeu de 100 mil milhões de euros que se destina a financiar investimentos europeus em tecnologias disruptivas que retirem aos Estados Unidos e à China o papel cimeiro que apresentam nestas últimas décadas.

Se pensarmos bem, foram os portugueses, os espanhóis, os ingleses e os holandeses que ajudaram a mapear o mundo e responsáveis pela passagem da Idade Média para a Idade Moderna. Os europeus foram os iniciadores do que hoje em dia se chama de globalização, mas deixaram-se facilmente ultrapassar.

O objetivo desse fundo é financiar em I&D startups europeias que criem elevado valor e que apresentem potencialidades para criar tecnologias disruptivas que promovam novos padrões globais em setores prioritários como o armazenamento de energia, a inteligência artificial, a cibersegurança, tecnologias para reduzir emissões de carbono ou impressões 4D que mudem de forma através da reação a um estímulo e ao espaço. Ao longo de mais de 300 páginas foram identificados 100 possíveis desenvolvimentos emergentes que a Europa poderá apostar e que criarão forte impacto no valor global e possíveis soluções para necessidades sociais no futuro.

A Europa não pretende ser mais uma colónia digital dos gigantes americanos e asiáticos, quer ser ela própria a retomar o papel cimeiro que teve no passado, liderar a corrida na inovação, mas agora no campo tecnológico.

Se as principais inovações do futuro já estão identificadas, resta efetuar um debate sobre a sua utilidade e apoiar o que se revele importante para a Europa e para colocar de novo o velho continente no lugar que tem direito a estar.

Caso este projeto avance (e esperemos que sim), será uma excelente notícia para a Europa e, por consequência, para Portugal. Temos uma geração de empreendedores com maiores e melhores formações, mas faltam muitas vezes as oportunidades e apoios certos na altura certa.

O autor escreve segundo o novo Acordo Ortográfico

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