Cerca de 50 pessoas em manifestação contra asfaltagem de estrada florestal na Madeira

O movimento Despertar Madeira convocou o protesto por entender que “é inconsistente querer pavimentar uma estrada” que pode contribuir para a desclassificação da área.

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Ana Marques Maia

Cerca de 50 pessoas manifestaram-se neste domingo contra a asfaltagem da estrada das Ginjas, em São Vicente, norte da ilha da Madeira, alertando que se encontra numa área de reserva geológica e em plena floresta laurissilva, património mundial da humanidade.

“É inconsistente querer pavimentar uma estrada numa área que, entretanto, obteve estes reconhecimentos, o que pode contribuir para a sua desclassificação”, disse Denise Rodrigues, do movimento Despertar Madeira, que convocou o protesto.

Os manifestantes formaram um cordão e bloquearam a estrada durante alguns minutos, indicando que se tratou de um “ato simbólico”, ao passo que se as obras de pavimentação avançarem, ficará mesmo bloqueada durante alguns meses.

A estrada das Ginjas foi aberta em terra batida na década de 80 do século XX e estabelece a ligação entre o concelho de São Vicente, norte da ilha, e o planalto do Paul da Serra, numa distância de cerca de 10 quilómetros.

O Governo Regional da Madeira anunciou, recentemente, que vai proceder à sua asfaltagem, obra orçada em sete milhões de euros e que recebeu o parecer favorável da Câmara Municipal de São Vicente.

“Agora já existem outros acessos [ao Paul da Serra] e nada justifica pavimentar esta estrada”, alertou Denise Rodrigues, vincando que o objectivo do movimento Despertar Madeira é estimular os cidadãos a serem os “guardiões da laurissilva”, a floresta endémica da ilha, que foi declarada património natural da humanidade em 1999 pela UNESCO.

Denise Rodrigues manifestou-se satisfeita com a adesão ao protesto de hoje e admite promover mais manifestações, destacando, por outro lado, que o movimento é “independente”, sem qualquer ligação a partidos políticos, organização religiosa ou afins.

“O Despertar Madeira pretende despertar os madeirenses e todos os que se interessam pela conservação da natureza”, sublinhou.

Os manifestantes empunharam alguns cartazes com o sinal de trânsito de sentido proibido e outros com fotografias de animais e plantas da laurissilva e a inscrição “Esta é a minha casa”.

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