Felicity Huffman condenada a 14 dias de prisão após escândalo de acesso a faculdades

A actriz da série Donas de Casa Desesperadas admitiu ter pagado 15 mil dólares a um consultor para que este inflacionasse o resultado dos exames de acesso à faculdade da filha mais velha, em 2017.

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A actriz Felicity Huffman e o marido William H. Macy à saída do tribunal em Boston KATHERINE TAYLOR/Reuters

Felicity Huffman, actriz da série Donas de Casa Desesperadas, foi condenada a 14 dias de prisão pelo seu envolvimento no escândalo de acesso a faculdades.

A actriz norte-americana terá de cumprir ainda 250 horas de serviço comunitário e de pagar uma multa no valor de 30 mil dólares (cerca de 27 mil euros, ao câmbio actual), depois de ter admitido o pagamento de 15 mil dólares — disfarçados de contribuição de caridade — a um consultor para que este inflacionasse o resultado do teste de SAT da filha mais velha em 2017, para que ela entrasse na universidade.

“Não há desculpas ou justificações para as minhas acções. Ponto final”, disse Huffman em comunicado, citada pela BBC, após a sentença. “Gostaria de pedir novamente desculpa à minha filha, ao meu marido, à minha família e à comunidade educativa pelas minhas acções. E quero pedir especialmente desculpa aos estudantes que trabalham arduamente todos os dias para entrar na faculdade e aos seus pais que fazem tremendos sacrifícios”, sublinhou.

A juíza Indira Talwani, responsável pelo caso, disse acreditar que Felicity Huffman se responsabiliza pelas suas acções, mas considerou que “tentar ser uma boa mãe não desculpabiliza” a fraude.

A actriz de 56 anos terá de se apresentar na prisão no dia 25 de Outubro, não se sabendo ainda em que estabelecimento prisional cumprirá pena.

Huffman, que se declarou culpada, foi a primeira a ser condenada enre um mais vasto leque de pais envolvidos no escândalo. A sua equipa de advogados tinha pedido um ano de liberdade condicional, 250 horas de serviço comunitário e 20 mil dólares de multa. No entanto, os procuradores ligados ao caso consideraram, numa nota citados pela BBC, que “nem a liberdade condicional nem a prisão domiciliária [numa enorme casa em Hollywood com uma piscina infinita] constituiriam punições significativas” e que a punição de Huffman deveria ser exemplo para que outros não cometessem o mesmo crime.

​“Comprometi o futuro da minha filha”

Felicity Huffman terá tentado o mesmo esquema com a segunda filha, acabando por desistir. O consultor em causa, Willam Rick Singer, declarou-se culpado já a 12 de Março — o mesmo dia em que a investigação foi tornada pública — de crimes como extorsão, segundo a revista Time.

A entrada dos estudantes na faculdade com a ajuda da Edge College & Career Network (cujo fundador é William Rick Singer) era garantida de uma série de formas. Em certos casos, os pais afirmavam que os filhos tinham uma incapacidade, inventando depois uma desculpa para que os estudantes realizassem o exame de admissão em instalações específicas, onde estariam funcionários envolvidos no esquema, que deixavam os alunos copiarem ou realizavam mesmo o exame por eles. Houve ainda casos em que se criaram perfis atléticos falsos para que os candidatos conseguissem bolsas de estudo para desportistas.

No meu desespero para ser uma boa mãe, convenci-me a mim mesma que tudo o que estava a fazer era dar à minha filha uma oportunidade justa. Agora vejo a ironia nesta afirmação porque aquilo que eu fiz é o oposto de justo. Infringi a lei, enganei a comunidade educativa, traí a minha filha e falhei à minha família”, escreveu Felicity Huffman numa carta enviada à juíza.

Na mesma carta, a actriz de Donas de Casa Desesperadas garante ainda que a sua filha, Sophia Macy, não estava a par do esquema: “Quando a minha filha olhou para mim e me perguntou, em lágrimas, ‘Porque não acreditaste em mim? Porque não achaste que eu era capaz?’ eu não lhe consegui dar uma resposta”.

 Huffman afirma que “apenas conseguiu” pedir desculpa e acrescenta que fez “exactamente aquilo que estava desesperada para evitar”: “Comprometi o futuro da minha filha, a generalidade da minha família e a minha própria integridade”.

O escândalo envolve cerca de meia centena de pessoas, incluindo pais e treinadores de universidades de topo, acusados de terem aceitado subornos milionários para garantir a entrada de estudantes a universidades como Yale, Stanford e Universidade da Califórnia, em Los Angeles.

Entre as pessoas envolvidas no caso ao qual o FBI atribuiu o nome “Operation Varsity Blues”, além de uma série de altos executivos, está também a actriz Lori Loughlin — conhecida pela participação na série de televisão dos anos 1990 Full House. Juntamente com o marido, Mossimo Giannulli, é acusada de ter pagado mais de 500 mil dólares em subornos para garantir o acesso das duas filhas à Universidade do Sul da Califórnia. Lori Loughlin, cujo julgamento está marcado para o dia 2 de Outubro, nega as acusações.

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