Antes da Champions, Benfica decidiu tudo em dois tragos

Bruno Lage não conseguiu afastar a pulseira do sono imposta pela proximidade da Liga dos Campeões e agradeceu um erro do Gil Vicente para afastar qualquer hipótese de surpresa.

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LUSA/ANTONIO COTRIM
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Já com a mente a viajar, denunciando a aproximação da estreia na Liga dos Campeões — com a recepção ao RB Leipzig, na terça-feira —, o Benfica acabou por resolver, sem grande incómodo, um jogo pausado, em que demorou mais tempo do que desejaria a libertar-se da pulseira do sono, acabando por só engrenar à custa de um erro do Gil Vicente (2-0), que lhe permite continuar a fazer sombra ao Famalicão no topo da Liga.

Bruno Lage foi “um gajo porreiro” e voltou a dar a titularidade a Taarabt, promovendo uma nova parceria com Fejsa. Perante um Gil Vicente pragmático, a investir num dispositivo compacto, com nove unidades atrás da linha da bola (e a assumir uma posição de expectativa pura, apenas com Sandro Lima na frente), Taarabt tentou corresponder, mas nem tudo saía como pretendido ao marroquino, que ainda assim teve o rasgo necessário para agitar o jogo num passe de que resultou o golo inaugural, já em cima do intervalo, num desvio infeliz de Nogueira.

Programado para aguentar o primeiro impacto da Luz, na esperança de impacientar a “águia”, provocando precipitação, antes de atrever-se a accionar a velocidade de Lino e Baraye, a equipa de Barcelos sentiu um forte abalo aos dez minutos. Mas teve a sorte e o engenho suficientes para sobreviver a um erro que o Benfica rapidamente transformou em grande penalidade... desperdiçada por Pizzi, com Denis a adivinhar as intenções do médio.

Até essa altura, o guarda-redes dos gilistas tinha-se limitado a segurar um cabeceamento de Seferovic e a controlar a trajectória de uma bola que Ferro não foi capaz de enquadrar com a baliza, pelo que os gilistas recolheram ao balneário com um tremendo amargo de boca, sentindo que tinham estado muito perto de prolongar um estado de alma que lhes permitisse manter a concentração na segunda parte.

A determinação do Benfica acentuou-se no recomeço, acabando por render um segundo golo que reduziu drasticamente as probabilidades de a formação de Barcelos conseguir reentrar no jogo e na discussão do resultado. Para o Benfica, o golo de Pizzi, nascido de um canto que o guarda-redes do Gil Vicente poderia ter evitado, permitiu gerir a segunda metade de uma forma mais tranquila, baixando o ritmo e obrigando o adversário a inverter os papéis inicialmente distribuídos. 

Apesar de nunca ter abdicado de marcar um golo que lhe permitisse ir em busca do empate, o Gil Vicente rapidamente percebeu que não reunia as condições exigíveis para surpreender a Luz, emulando de algumas forma a proeza conseguida frente ao FC Porto, na ronda inaugural. A disponibilidade física e sobretudo mental, indispensáveis para assumir a iniciativa e subverter a lógica de um jogo que se esperava de sentido único, revelou-se obstáculo intransponível para a equipa de Vítor Oliveira. Até porque na melhor oportunidade criada pelos minhotos, Kraev falhou duplamente, permitindo a intervenção de Vlachodimos para atirar ao lado na recarga. 

Bruno Lage aceitou as regras e, no minuto seguinte, limitou-se a lançar Caio Lucas, dando mais minutos ao brasileiro que se tinha estreado na goleada de Braga. Saía o desalentado Raúl de Tomás, frustrado pela seca de golos com a camisola do Benfica, problema que não conseguiu ainda solucionar. O espanhol poderia ter inaugurado o marcador, mas Nogueira negou-lhe esse prazer, com o tal golo na própria baliza. 

Desalentado terá ficado também o jovem Tomás Tavares, que falhou, por um atraso na ordem de substituição, a estreia com a camisola do Benfica, oferecida por Bruno Lage. Mas a julgar pela actual filosofia na Luz, não faltarão oportunidades.

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