Cristas insiste em baixar impostos, Costa diz que são “aventuras” nas contas

Líder do CDS avisa para o risco de um domínio à esquerda no futuro Parlamento

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Os líderes do PS e do CDS concordaram haver um "enorme fosso" entre as propostas dos dois partidos LUSA/TIAGO PETINGA

Foi muito assertivo - embora menos tenso do que muitos debates no Parlamento – o frente-a-frente entre António Costa e Assunção Cristas esta sexta-feira à noite na TVI. O líder do PS tentou colar o CDS a “aventuras” nas contas públicas, com a proposta de redução de impostos, e a presidente centrista acusou o primeiro-ministro de ter aumentado para o “máximo” a carga fiscal nesta legislatura.

Os dois líderes políticos concordaram existir um “enorme fosso” entre as propostas dos dois partidos. António Costa pegou na solução do CDS para reduzir os impostos – uma das principais bandeiras do partido nesta campanha – e levantou dúvidas sobre os números. O líder socialista argumentou que o saldo orçamental previsto com que o CDS pretende reduzir os impostos para as pessoas e “não cobre nem um quinto do que pretende”. E aponta um “desequilíbrio” nas contas públicas: “Só com esta medida o défice aumentaria 4 mil milhões de euros”.

Assunção Cristas negou que as contas do CDS não estivessem certas – “só se as do Programa de Estabilidade do Governo também não estiverem” – e rejeitou qualquer aumento do défice, acusando o primeiro-ministro de apresentar um programa em que há “risco de aumento de impostos”. António Costa recuou até ao anterior Governo – no qual Cristas foi ministra – para assegurar que se tivesse continuado a carga fiscal também teria aumentado e deixou uma garantia: “Não vai haver aumento de impostos, vamos prosseguir a trajectória de redução fiscal sobre o trabalho.”

Já no final do debate, questionada sobre a sua permanência na liderança do CDS se o partido eleger menos do que os actuais 18 deputados, Assunção Cristas não respondeu e deixou um recado muito directo ao seu eleitorado. “Para as pessoas do centro-direita que acreditam que o jogo está feito, que não vale a pena ir votar, podem acordar no dia 7 de Outubro com o Parlamento com dois terços à esquerda”, alertou, garantindo que “o voto no CDS é seguro”. A líder do CDS bateu-se contra um eventual domínio do PS e dirigiu-se ao seu adversário: “Não acredito num país governado com maiorias absolutas e nisso concorda comigo.”

Nesse minuto final, o secretário-geral do PS aproveitou para deixar uma mensagem de continuidade do trabalho feito num tom de moderação onde até lembrou o fundador do partido, Mário Soares. António Costa quis tranquilizar o eleitorado porque não quer “entrar em aventuras”, mas sublinhou a necessidade de um “PS suficientemente forte” e colocou o PS como “o partido do bom senso”.

Durante o debate, além da questão dos impostos, António Costa confrontou a líder do CDS com outras duas propostas: a da habitação e a do acesso ao ensino superior. Assunção Cristas rejeitou que a sua lei do arrendamento, enquanto ministra do anterior Governo, tivesse provocado uma “onda de despejos”, e acusou António Costa, também em funções anteriores de liderança na câmara de Lisboa, de dar os terrenos da Feira Popular para edifícios de “luxo”.

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