Academia Ubuntu já ajudou 3500 jovens a desenvolver capacidades de liderança

Criada em 2010, a Academia de Líderes Ubuntu já ajudou 3500 jovens provenientes de 14 países e contextos vulneráveis a desenvolver capacidades de liderança. Este ano lectivo, o projecto vai arrancar em 52 agrupamentos de escolas portuguesas.

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Daniel H. Tong/Unsplash

A Academia de Líderes Ubuntu já auxiliou, desde 2010, 3500 jovens e adultos de 14 países e provenientes de contextos vulneráveis a desenvolverem “capacidades de liderança”, inspirados na filosofia de Nelson Mandela, revelou o coordenador da associação. Em entrevista à agência Lusa, Rui Marques, presidente do Instituto Padre António Vieira (IPAV) — instituição que, em parceria com a Câmara de Vila Nova de Gaia, criou há nove anos a Academia de Líderes Ubuntu —, contou que o objectivo da iniciativa é “capacitar jovens provenientes de contextos vulneráveis”.

“Ubuntu significa ‘Eu sou porque tu és’. Só sou pessoa através das outras pessoas. E remete para um estilo de liderança que é uma liderança servidora, que desenvolve uma ética de cuidar do outro, da comunidade, do planeta, sempre centrada na construção de pontes”, afirmou. Rui Marques acredita que o mundo está “muito dividido por muros, conflitos e abismos” e que, nesse sentido, é fundamental existirem “homens e mulheres mobilizados para construir pontes”, à semelhança daquilo que Nelson Mandela fez, que permitiu a transição pacífica, na África do Sul, do apartheid para a democracia.

O projecto, que nasceu em Portugal, está actualmente a ser desenvolvido em 14 países, tendo já contribuído para que 3500 jovens e adultos, entre os 14 e 35 anos, se capacitassem com ferramentas e instrumentos de auto-ajuda e autoconhecimento: “É o projecto de inovação social português com maior expansão internacional e maior expressão em outros países, seja na América Latina, em África, na Europa ou na Ásia”, referiu.

Getúlio Cavalcante, de 28 anos, chegou a Portugal há um ano para fazer o mestrado em Economia e Gestão de Inovação na Faculdade de Economia da Universidade do Porto (FEP). Já tinha ouvido falar da academia através de amigos e, assim que as inscrições abriram, candidatou-se. “Vim para cá com um plano muito claro, muito convicto do que queria, e o plano não mudou muito. Mas, passados os primeiros seis meses, não estava muito confiante do plano que tinha”, disse à Lusa o jovem brasileiro, adiantando que a academia o “ajudou a ultrapassar dificuldades”.

“A associação ajudou-me a ultrapassar dificuldades enquanto imigrante. A academia foi um importante espaço de acolhimento, amizade e aprendizagem”, contou, adiantando que os colegas foram sobretudo “terapêuticos”. Para o jovem brasileiro, a academia permite “unir” pessoas de diferentes contextos e realidades “numa situação de igualdade”, uma vez que é “para todos” aqueles que estão dispostos a passar por uma “transformação pessoal” e “sair da zona de conforto”.

À Lusa, o coordenador da academia, Rui Marques, adiantou que, este ano lectivo, o projecto vai “arrancar” em 52 agrupamentos de escolas portuguesas. “Este programa é de capacitação, inspiração para que os mais jovens se possam comprometer na sociedade com esta visão de justiça social, desenvolvimento pessoal e de cultura de interdependência e procurar desenvolver uma liderança servidora”, concluiu.

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